segunda-feira, 28 de março de 2016

O FOLCLORE BRASILEIRO


O FOLCLORE BRASILEIRO


O folclore brasileiro, segundo o Capítulo I da Carta do Folclore Brasileiro, é sinônimo de cultura popular brasileira, e representa a identidade social da comunidade através de suas criações culturais, coletivas ou individuais; é também uma parte essencial da cultura do Brasil. Embora tenha raízes imemoriais, seu estudo sistemático iniciou somente em meados do século XIX, e levou mais de cem anos para se consolidar no país. A partir da década de 1970 o folclorismo nacional definitivamente se institucionalizou e recebeu conformação conceitual.
Sendo composto por contribuições as mais variadas - com destaque para a portuguesa, a negra e a indígena - o folclore do Brasil é extremamente rico e diversificado, sendo hoje objeto de inúmeros estudos e recebendo larga divulgação interna e internacional, constituindo além disso elemento importante da própria economia do Brasil, pela geração de empregos, pela produção e comércio de bens associados e pelo turismo cultural que dinamiza.
 Como sinônimo de cultura popular, o folclore brasileiro é o rosto social e identitário de uma vasta população de cidadãos brasileiros, cada um deles possuindo sua própria história, e seus próprios referenciais culturais - pois nasceu em uma sociedade - que constituem sua identidade como pessoa e como membro dessa sociedade: o folclore é, digamos, o cenário, o enredo geral e o acervo de apetrechos dos quais depende o ator humano para desempenhar o seu papel vital, elementos criados pelo próprio ator e que não só estruturam e articulam a sua vida como em muito a definem, justificam e até pré-determinam, pois muitos deles foram herdados de seus ancestrais, colorem a cultura onde ele vive e possuem força atávica, com raízes cuja origem se perde no tempo e transcende as fronteiras geográficas. Da combinação perene, viva e ininterrupta, dos cenários de todos os atores de um dado país surge a cultura deste povo, com todas as suas variantes regionais e locais, um mosaico multifacetado de expressões, modos de ser e entender o mundo e de com ele interagir.
O folclore inclui mitos, lendas, contos populares, ritos e cerimônias religiosos e sociais, brincadeiras, provérbios, adivinhações, as receitas de comidas, os estilos de vestuário e adornos, orações, maldições, encantamentos, juras, xingamentos, danças, cantorias, gírias, apelidos de pessoas e de lugares, desafios, saudações, despedidas, trava-línguas, festas, encenações, a gestualidade associada à intercomunicação oral, artesanato, medicina popular, os motivos dos bordados, música instrumental, canções de ninar e roda, e até mesmo maneiras de criar, chamar e dar comandos aos animais. A lista do que é folclore não se limita ao que vem do interior, inclui as expressões próprias da vida em cidades, lendas urbanas, os reclames dos vendedores de rua, os símbolos, modelos de arquitetura e urbanismo vernáculos. Na apresentação do folclore brasileiro oferecida pelo IBGE, "através do folclore o homem expressa as suas fantasias, os seus medos, os melhores e piores desejos, de justiça e de vingança, às vezes apenas como forma de escapar àquilo que ele não consegue explicar". Todas essas manifestações se manifestam peculiarmente em cada cultura e diferem de região para região, e de indivíduo para indivíduo.
O Brasil possui um folclore riquíssimo, sendo impossível entrar em detalhes aqui; pode-se outrossim elencar algumas categorias mais comuns, dando-lhes um ou outro exemplo. Muitas expressões têm uma presença nacional, ou quase isso, como o carnaval, as farras de boi, as festas juninas, as cavalhadas, a festa do divino e as lendas do curupira, do saci Pererê e da mula sem cabeça; outras, são restritas a regiões e estados ou mesmo a pequenas comunidades esquecidas pelo progresso, como os fandangos de tamancos do interior de São Paulo ou a lenda da Teiniaguá no Rio Grande do Sul.

Música e dança

Frequentemente interligadas, muitas formas musicais, seja puramente de instrumento ou com canto, são ritmos de dança, como o cateretê, a polca, o maxixe, o lundu, o baião, o samba, o frevo, o xaxado, o fandango, a vanera, o xote, o maracatu, a ciranda, o jongo, atirana, a catira, o batuque, o pau-de-fita, a quadrilha, as cantigas de roda, sendo bem conhecidas as melodias Escravos de Jó, Sapo Cururu, O Cravo e a Rosa, Ciranda-Cirandinha e Atirei o Pau no Gato. Outros exemplos de música são os acalantos, como o Dorme, neném, que a Cuca vem pegar; as modinhasdesafios e repentes; as cantigas de trabalho, velório e cemitério; as serestas, as modas de viola; as ladainhasresponsórios e outros cânticos sacros.


 Festas e encenações

Algumas das principais festas são o Carnaval, a Folia de Reis, as Farras de boi e Cavalhadas, as Festas Juninas, a Festa do Divino e o Congado. Em todas elas várias expressões folclóricas se encontram reunidas, como a culinária, o vestuário, o teatro, jogos e competições, contação de casos e lendas, ritos religiosos, danças e cantos. E sendo festas de grande difusão, se encontra uma infinidade de variantes através do território brasileiro.

Carnaval

Tem uma origem antiquíssima; há mais de seis mil anos, no Egito, quando se comemoravam as colheitas, nasceu o Carnaval. Depois se alastrou pelo Mediterrâneo e Europa, onde especialmente a Roma Antiga e mais tarde Veneza desenvolveram carnavais suntuosos. Hoje é festejado em quase todo o mundo. No Brasil fez sua aparição por volta de 1640, sendo conhecido pelo nome de entrudo, uma festa que simbolizava a liberdade mas amiúde acabava em tumultos violentos, pelo que acabou sendo banido várias vezes, sempre sem efeito, até a década de 1930, quando passou a ser substituído pelos folguedos mais aceitáveis do Carnaval como hoje o conhecemos. Mas também as elites promoviam seu próprio carnaval, sendo o primeiro deste gênero registrado no tempo de Dom João IV, e realizado em sua homenagem. Contou com desfiles de rua, bloco de sujos (travestis) e mascarados, corridas e combates simulados. Em torno de 1840, realizou-se o primeiro baile público de máscaras, no Rio. A mascarada carnavalesca, que predominava nos teatros e salões frequentados pela elite, foi aos poucos ganhando forças até, por volta de 1850, se projetar para a rua. Os mascarados desfilavam a pé ou de carro puxado a cavalos, origem dos carros alegóricos, estendendo-se até os arrabaldes. Desfilavam grupos numerosos de estranhos personagens fantasiados como figuras cômicas ou elegantes. Festa disseminada em todo o Brasil, consolidou-se apenas em meados do século XX e hoje tem diversas variantes regionais, que adotam ritmos e decorações específicos a cada local. Permanece até hoje forte influência europeia, que transmitiu personagens carnavalescos típicos como o Rei Momo, o Pierrô, a Colombina e o Arlequim.

Congado

Também chamado de Congo ou Congada, nasceu entre as irmandades de negros em Portugal, no século XV, recordando as festas que homenageavam a realeza africana, absorvendo também traços católicos. Trazida para o Brasil, teve ampla difusão, mas a festa se fortaleceu na região das Minas Gerais no século XVIII, quando da chegada, capturados como escravos, de membros da realeza congolense, que aglutinaram os negros em torno a si dentro da moldura das irmandades católicas. É uma festa de apoteose e redenção, encenando a coroação do Rei do Congo, acompanhado de um cortejo compassado, cavalgadas, levantamento de mastros e música. São utilizados instrumentos musicais tipicamente africanos, como a cuíca, a caixa, o pandeiro, o reco-reco, que sustentam a batucada. Na celebração dos santos associados, frequentemente São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, a aclamação é animada através de danças, e há uma hierarquia, onde se destaca o rei, a rainha, os generais, capitães, etc. O resto do povo é dividido em grupos de número variável, chamados ternos: Moçambiques, Catupés, Marujos, Congos, Vilões e outros. Cada terno desempenha uma função ritual própria na festa e no cortejo.

Farras dos Boi e Cavalhadas

Suas muitas variantes florescem por grande parte do Brasil são em essência teatralizações dramáticas que envolvem um ou mais animais, respectivamente bois e cavalos. Às vezes o animal é real, como nos rodeios, e a festa se centra em torno da doma da besta, simbolizando o domínio do ser bruto pelo homem pensante e sendo uma prova de coragem e habilidade; ou, no caso mais comum do cavalo, se presta a corridas e outros exercícios montados, em exibições de destreza e arte; às vezes o animal é um personagem criado, uma estilização, como no caso do Boi-bumbá, com os conhecidos bois-ícones do Festival de Parintins, chamados Garantido e Caprichoso, representantes de grêmios rivais. A representação é dramática porque o boi é às vezes um mártir, transfigurado pela sua ressurreição, a exemplo da festa do Boi Calumba, ligada ao ciclo do Natal, ou acontece uma luta, ou ele escapa da morte por um triz, novamente características do Bumbá. Às vezes as cavalhadas reencenam as lutas entre mouros e cristãos e os torneios medievais, com trajes apropriados, como no caso das Cavalhadas de Pirenópolis, hoje tombadas pelo IPHAN como patrimônio cultural imaterial do Brasil. Também é comum a inserção de trechos satíricos na narrativa encenada.

Folia de Reis

Tem origem europeia e foi trazida para o Brasil pelos portugueses, sendo comemorada em todo o território nacional entre a véspera de Natal, 24 de dezembro, e o dia de Reis, 6 de janeiro. Em geral grupos de cantadores e instrumentistas se reúnem e, acompanhados de multidão e às vezes outros personagens, como o Louco, o Juiz, palhaços e porta-estandartes, saem pelas ruas a pedir esmolas. Suas cantigas evocam e parafraseiam os textos e eventos bíblicos referentes a estas datas, como se lê em um verso recolhido por Faleiro:

Festa do Divino

Foi um desenvolvimento germânico da festa romana Floralia, que celebrava a renovação da vida na primavera. Introduzida em Portugal pela esposa do rei Dom DinisDona Isabel de Aragão, depois santa, que, segundo a tradição, teve um sonho que lhe indicou um local onde deveria erguer uma igreja em honra ao Divino Espírito Santo. No século XVII a Festa do Divino jé era comemorada em todas as colônias portuguesas, com muitas variantes. No Brasil se fundiu a outras tradições: índias, emprestando por exemplo à dança do cateretê, e africanas, entre elas a congada, a marujada, o maracatu. Conforme a localidade, coretos animam as praças, descem os blocos de foliões e bandas de música pelas ruas, correm cavalhadas, dançam bailes de fandangos e quadrilhas, passam em desfile carros de boi enfeitados, seguidos de escolares, devotos e quantos queiram; outros se entretêm com números circenses. Vários rituais compõem a festa, que simbolizam relações de classe e onde se perpetuam valores coletivos. Elege-se um "Imperador do Divino" para presidir a festa, lembrando o rei e a corte lusitana; ergue-se um mastro com uma pomba no topo, há procissões com cantorias visitando casas, rezam novenas, ocorrem encontros com bênçãos e saudações cerimoniais. Em Mogi das Cruzes, por exemplo, Fernando de Moraes coletou este refrão:
Ao chegar o grupo a uma casa, saúdam dizendo:
"O meu Divino aqui chegou, nesta hora abençoada, Veio salvar meu senhor, abençoar sua morada".
Diversas situações rituais são previstas, tendo falas específicas. Por exemplo, se encontram uma vela acesa na casa, dizem:
"Abençoada foi à mão que acendeu aquela vela, Há de ser abençoada por esta bandeira donzela".

Festas Juninas

Comemoram os santos católicos Antônio, João Batista e Pedro, são possivelmente uma herança de antigas tradições agrícolas pagãs. Vieram com os portugueses, enraizaram-se primeiro no Nordeste e logo se espalharam por todo o Brasil. As referências mais antigas foram dadas no século XVI pelo Frei Vicente de Salvador:
"As fogueiras, os fogos de artifícios, as brincadeiras, o pagamento de promessas e outras tantas crendices, atraiam silvícolas e camponeses à capela. Missas eram celebradas, se contavam histórias, faziam-se adivinhações. Os padres procuravam conquistar aos neocristãos e lhes fortificar a fé católica".
A festa se tornou extremamente popular em todo o Brasil, em parte porque sua data coincidia com a colheita do milho, do feijão e do amendoim, e essa fartura era considerada uma bênção a ser comemorada com danças, cantos, rezas e muita comida. Mais tarde sofreram uma série de outras influências, incorporando novas práticas e se diversificando regionalmente. A quadrilha foi contribuição francesa, o coco-de-roda, africana, as polcas e as mazurcas foram trazidas por imigrantes polacos. É onipresente a fogueira, em torno da qual se celebra a festa e é dela o símbolo mais conhecido, cuja origem é justificada por uma lenda que dizia ter Santa Isabel avisado a Virgem Maria do nascimento de João Batista acendendo um fogo. Os balões de papel, que antigamente eram soltos em quantidade, serviam para carregar as preces e pedidos aos santos no céu. Também é popular o consumo de comidas como bolos de fubá, a pamonha, a pipoca e o quentão, bem como se tornou muito disseminada, a partir da década de 1930, por forte influência do projeto nacionalista de Getúlio Vargas, a caracterização do público como caipiras, devendo ocorrer em algum momento à encenação de um casamento caipira, cujo enredo é quase invariável, como descreve Claudia Lima:
"Os noivos tiveram relações sexuais antes do casamento e a noiva quase sempre está grávida; os pais da noiva obrigam o noivo a casar; este se recusa; é necessária a intervenção da polícia; depois o casamento se realiza com o padre fazendo a parte religiosa e o juiz, fazendo o casamento civil, sob as garantias do delegado e seus soldados. A quadrilha é o baile de comemoração do casamento."


ALGUMAS LENDAS, MITOS E CONTOS FOLCLÓRICOS DO BRASIL:


Boitatá


Representada por uma cobra de fogo que protege as matas e os animais e tem a capacidade de perseguir e matar aqueles que desrespeitam a natureza. Acredita-se que este mito é de origem indígena e que seja um dos primeiros do folclore brasileiro. Foram encontrados relatos do boitatá em cartas do padre jesuíta José de Anchieta, em 1560. Na região nordeste, o boitatá é conhecido como "fogo que corre".

Boto

Acredita-se que a lenda do boto tenha surgido na região amazônica. Ele é representado por um homem jovem, bonito e charmoso que encanta mulheres em bailes e festas. Após a conquista, leva as jovens para a beira de um rio e as engravida. Antes de a madrugada chegar, ele mergulha nas águas do rio para transformar-se em um boto.


Curupira

Assim como o boitatá, o curupira também é um protetor das matas e dos animais silvestres. Representado por um anão de cabelos compridos e com os pés virados para trás. Persegue e mata todos que desrespeitam a natureza. Quando alguém desaparece nas matas, muitos habitantes do interior acreditam que é obra do curupira.



Lobisomem

Este mito aparece em várias regiões do mundo. Diz o mito que um homem foi atacado por um lobo numa noite de lua cheia e não morreu, porém desenvolveu a capacidade de transforma-se em lobo nas noites de lua cheia. Nestas noites, o lobisomem ataca todos aqueles que encontra pela frente. Somente um tiro de bala de prata em seu coração seria capaz de matá-lo.


Mãe-D'água

Encontramos na mitologia universal um personagem muito parecido com a mãe-d'água : a sereia. Este personagem tem o corpo metade de mulher e metade de peixe. Com seu canto atraente, consegue encantar os homens e levá-los para o fundo das águas.



Corpo-seco

É uma espécie de assombração que fica assustando as pessoas nas estradas. Em vida, era um homem que foi muito malvado e só pensava em fazer coisas ruins, chegando a prejudicar e maltratar a própria mãe. Após sua morte, foi rejeitado pela terra e teve que viver como uma alma penada.



Pisadeira

É uma velha de chinelos que aparece nas madrugadas para pisar na barriga das pessoas, provocando a falta de ar. Dizem que costuma aparecer quando as pessoas vão dormir de estômago muito cheio.






Mula-sem-cabeça

Surgido na região interior, conta que uma mulher teve um romance com um padre. Como castigo, em todas as noites de quinta para sexta-feira é transformada num animal quadrúpede que galopa e salta sem parar, enquanto solta fogo pelas narinas.




Mãe-de-ouro

Representada por uma bola de fogo que indica os locais onde se encontra jazidas de ouro. Também aparece em alguns mitos como sendo uma mulher luminosa que voa pelos ares. Em alguns locais do Brasil, toma a forma de uma mulher bonita que habita cavernas e após atrair homens casados, os faz largar suas famílias.




Saci-Pererê

O Saci-Pererê é representado por um menino negro que tem apenas uma perna. Sempre com seu cachimbo e com um gorro vermelho que lhe dá poderes mágicos. Vive aprontando travessuras e se diverte muito com isso. Adora espantar cavalos, queimar comida e acordar pessoas com gargalhadas.





Comadre Florzinha

É uma fada pequena que vive nas florestas do Brasil. Vaidosa e maliciosa possui cabelos compridos e enfeitados com flores coloridas. Vive para proteger a fauna e a flora. Junto com suas irmãs, vivem aplicando sustos e travessuras nos caçadores e pessoas que tentam desmatar a floresta.






Outras manifestações folclóricas do Brasil:

Além dos mitos e lendas, o folclore brasileiro apresenta uma grande diversidade cultural. Podemos também considerar como legítimas representações do nosso folclore: ritmos e danças folclóricas (carimbó, forró, capoeira, frevo, caiapó), comidas regionais típicas, músicas regionais, encenações (marujada, bumba-meu-boi, congada e cavalhada) superstições, representações artísticas (artesanato, confecção de rendas e cestas de palha), comemorações, brincadeiras e jogos infantis (parlendas, amarelinha e trava-línguas), ditados populares, tradições, crenças e festas populares (festa junina, Festa do Divino, Círio de Nazaré e Folia de Reis).

Curiosidades:

- É comemorado com eventos e festas, no dia 22 de Agosto, aqui no Brasil, o Dia do Folclore.
 - Em 2005, foi criado do Dia do Saci, que deve ser comemorado em 31 de outubro. Festas folclóricas ocorrem nesta data em homenagem a este personagem. A data, recém-criada, concorre com a forte influência norte-americana em nossa cultura, representada pela festa do Halloween - Dia das Bruxas.
 - A palavra folclore é de origem inglesa. A termo "folk", em inglês, significa povo, enquanto "lore" significa cultura.
 - Nem tudo é folclore. Para ser considerada uma legítima representação folclórica, é necessário que se enquadre em algumas características: ter origem anônima, ser antiga e popular, tradicional numa determinada região (sendo praticada e divulgada por muitas pessoas) e ter se espalhado através da transmissão oral (famoso boca a boca).
 - Muitas festas populares, que ocorrem no mês de Agosto, possuem temas folclóricos como destaque e também fazem parte da cultura popular.


https://pt.wikipedia.org/wiki/Folclore_brasileiro
http://www.suapesquisa.com/folclorebrasileiro/folclore.htm


TIRADENTES "O LÍDER DA INCONFIDÊNCIA MINEIRA"



O NASCIMENTO 


Joaquim José da Silva Xavier nasceu na fazenda do Pombal, comarca do Rio das Mortes, próximo a Vila de São José Del Rei (atual Tiradentes) no ano de 1746, não se sabe, porém, o dia de seu nascimento. Era o quarto filho de Domingos da Silva Santos, português, e Antônia da Encarnação Xavier e seus irmãos eram Domingos, Antônio, José, Antônia, Rita, Maria Vitória e Eufrásia Maria. Tiradentes foi batizado no dia 12 de novembro de 1746 e seus padrinhos foram o dentista Sebastião Ferreira Leitão e Nossa Senhora da Ajuda.


INFÂNCIA E JUVENTUDE

Tiradentes foi criado e passou parte de sua infância na fazenda de seu pai. Aos nove anos de idade, perdeu a mãe, aos doze, o pai. Assim que a família se desfez, Tiradentes foi morar na casa de seu padrinho, que procurou fazê-lo se interessar por sua profissão, incentivando-o a ler livros de medicina e ensinando-lhe noções práticas de cirurgia e odontologia. Bem cedo, começou a ajudar o padrinho no trabalho. Fazia curativos e logo aprendeu a tirar dentes e substitui-los por dentaduras e dentes postiços, ficando assim conhecido na Vila de São José Del Rei como o Tiradentes.

Trabalhou também como tropeiro e mascate, caminhando pelos garimpos de Minas e fazendo viagens até a Bahia. Depois tentou a sorte na atividade mineradora, quando comprou uma pequena porção de terra e quatro escravos, aplicando o que economizou como dentista, mas não teve sucesso na nova atividade que lhe deixou apenas muitas dívidas.

O MILITAR

Em lº de dezembro de 1775, ingressou na carreira militar e alistou-se na 6º Cia. de Dragões da Capitania de Minas Gerais, e, por ser descendente de portugueses cristãos, teve o privilégio de ingressar nas armas já como oficial, sem passar pelos postos subalternos. Tornou-se, então, Alferes, posto este correspondente ao de 2º tenente. Recebeu missões perigosas, que cumpriu com eficiência, devido ao seu conhecimento do sertão. À frente do destacamento acabou com o banditismo na Serra da Mantiqueira e combateu os contrabandistas de ouro.

Comandou a guarda dos armamentos depositados no quartel de Vila Rica. Em 1781, foi nomeado pela rainha de Portugal para chefiar a patrulha do Caminho Novo, estrada que ligava Minas ao Rio de Janeiro, por onde seguiam as Tropas de Mulas, trazendo o ouro para ser embarcado no porto do Rio de Janeiro.

Nessa fase de sua vida, Tiradentes fez amizades em todas as vendas e hospedarias da estrada, onde ficou muito popular.
Também, nessa mesma época, Tiradentes, já aos 35 anos, namorou uma jovem chamada Ana, de quem gostou muito, que morava no Tijuco (atual Diamantina) e era sobrinha do Padre Rolim, seu amigo e, mais tarde, também membro da Conjuração Mineira. Quando

Tiradentes pediu-a em casamento, através do Padre, ficou sabendo que ela já estava prometida a outro.

Tiradentes nunca se casou. Porém, duas outras mulheres passaram em sua vida, ambas de nobre condição social. A primeira, uma mulata, Eugênia Joaquina da Silva, com quem Tiradentes teve um filho chamado João. A outra, uma viúva, Antônia Maria do Espírito Santo, vivia nos arredores de Vila Rica (atual Ouro Preto), com quem teve uma filha, Joaquina.

No ano de 1787, cansado da vida militar, Tiradentes pediu licença no regimento e foi para o Rio de Janeiro, onde apresentou ao vice-rei Dom Luiz de Vasconcelos alguns projetos de engenharia e hidráulica para a canalização e captação dos rios Catete e Maracanã, para abastecimento da cidade e edificação de moinhos e construção de armazéns para o gado a ser exportado. Seus projetos, porém, ficaram aguardando a aprovação das autoridades de Portugal e nunca foram executados.

Enquanto permanecia no Rio de Janeiro, reuniu-se com o estudante José Álvares Maciel, que acabava de chegar da Inglaterra, com o Padre Rolim e com o coronel Joaquim Silvério dos Reis, e juntos elaboraram os primeiros planos da revolta contra Portugal.
Terminada sua licença Militar, Tiradentes, em Agosto de 1788, voltou a Minas comandando a escolta da mulher do Visconde de Barbacena, novo Governador de Minas.

Em Vila Rica, tornou-se o principal articulador da conspiração para a libertação do país. Organizou um grupo do qual faziam parte pessoas de grande projeção na capitania. Era, ao mesmo tempo, um idealista e um espírito prático. Não hesitava em fantasiar os fatos para atingir seus objetivos. Inventou, por exemplo, que o novo governador trazia instruções para que as fortunas particulares em Minas não ultrapassassem dez mil cruzados. Garantiu a todos o apoio de potências estrangeiras à conjuração.

Em fins de 1788, aconteceu a primeira reunião dos conspiradores na casa do tenente-coronel Paula Freire. A ele unira-se o Padre Carlos Correia de Toledo, vigário de São João Del Rei, homem rico e influente, e a conspiração foi crescendo com a participação do Cônego Luiz Vieira da Silva, do Padre Rolim, Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto e outros que no decorrer do tempo se juntaram aos primeiros.


 A INICIAÇÃO DE TIRADENTES

Naquela época, a maçonaria permitia que se fizessem iniciações fora dos templos e, às vezes, por um irmão com autoridade, o que era denominado Iniciação por Comunicação. E assim José Álvares Maciel iniciou Joaquim José da Silva Xavier. Esse tipo de iniciação foi suprimido, em 1907, com a promulgação da constituição Lauro Sodré. O Coronel Francisco de Paula Freire não gostava do alferes Tiradentes, com o qual mantinha fria distância. Esse tratamento mudou completamente quando Tiradentes, de volta do Rio de Janeiro, foi iniciado nos mistérios da Maçonaria.

A DELEGAÇÃO 

Os planos foram traçados, na ocasião da derrama, Tiradentes depois de prender o governador, despertaria Vila Rica aos gritos de Liberdade. A pretexto de restaurar a ordem, Paula Freire e suas tropas ocupariam a cidade e, com Vila Rica sob controle, declararia sua Adesão à Inconfidência.

Tiradentes resolve passar em todos os conjurados e verificar se cada um estava cônscio de sua responsabilidade, obtendo um sim de cada um deles e em março de 1789, segue para o Rio com desculpa de ver como iam os seus requerimentos de obras públicas, porém sua verdadeira missão era conseguir o “apoio” da guarnição do Rio de Janeiro e durante sua viagem ia divulgando suas ideias, sem maiores cautelas, pelas hospedarias e vilas do Caminho Novo e durante sua viagem a conspiração foi denunciada em uma carta dirigida ao governador Visconde de Barbacena e assinado pelo traidor Joaquim Silvério dos Reis do seguinte teor:

·         “Existe um movimento contra a Coroa e automaticamente contra Vossa Excelência”. no sentido de derruba-lo por ocasião da derrama e em seguida sublevar o povo e a tropa, para logo após, partirem com adesão do povo de outras províncias, para uma louca independência.
·         Para isso contam com as maiores inteligências desta terra e pessoas de destaque do vosso governo, tendo como principal chefe o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, um dos mais inflamados oradores, acompanhado de perto por homens com ideais impregnados pelos últimos acontecimentos de independência da América Inglesa.
·         Se Vossa Excelência der crédito a esta missiva, gostaria de ser chamado sigilosamente ao vosso gabinete, onde declinaria pessoalmente o nome de todos os que tramam contra nossa Augusta e Soberana Rainha.
·         Ponha todos estes importantes participantes na presença de Vossa Excelência pela obrigação de felicidade, não por meu intento, nem vontade, sejam de ver a ruína de pessoa alguma, o que espero em Deus que, com o bom discurso de Vossa Excelência há de acontecer tudo e dar as providências, sem a perdição dos vassalos.
·         “O prêmio que peço tão somente a Vossa Excelência é o de rogar-lhe que pelo amor de Deus se não perca ninguém”.


A PRISÃO E MORTE


Todos os inconfidentes foram presos, porém Tiradentes encontrava-se na casa de seu amigo Domingos Fernandes da Cruz, na cidade do Rio de Janeiro, onde no dia 10 de maio de 1789, foi preso e ficou incomunicável cerca de três anos e nesse período só foi visitado por seu confessor, o Padre Raimundo Penaforte. No dia 18 de abril de 1792, foi proferida a sentença dos cinco réus padres, e no dia 19, dos demais conjurados. A Tiradentes foi proferida a seguinte sentença:

“Portanto condenam ao réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi da tropa paga da capitania de Minas, a que com baraço e pregão, seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada à cabeça e levada a Vila Rica, onde em lugar mais publico dela, será pregada, em um poste alto até que o tempo a consuma; e o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregado em postes pelo caminho de Minas, no sítio da Varginha e das Cebolas, onde o réu teve suas infames práticas, e os mais, nos sítios de maiores povoações, até que o tempo também os consuma; Declaram o réu infame, e seus filhos e netos, tendo os seus bens aplicados para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica, será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique.”

No dia 21 de abril de 1792, às 9 horas, inicia-se o triste cortejo: À frente uma Cia. de Soldados, depois os frades dizendo orações e em seguida Tiradentes, o laço da forca no pescoço e a ponta da corda segura pelo carrasco, e quase abraçado ao condenado, Frei Penaforte reza com ele. Descalço, com o cabelo todo raspado e sem barba, vestido com uma camisola branca, Tiradentes seguia de cabeça erguida, porte ereto, e passo firme a marcha para a forca, construída no Lago da Lampadosa (atual Praça Tiradentes), onde às 11h20min Tiradentes foi enforcado.

Frei Raimundo Penaforte, o confessor, escreveu o seguinte sobre Tiradentes:
“Foi um daqueles indivíduos da espécie humana, que põem em espanto a própria natureza. Entusiasta, empreendedor com o fogo de um D. Quixote, habilidoso com um desinteresse filosófico, afoito e destemido, sem prudência às vezes, em outro temeroso ao cair de uma folha; mas o seu coração era sensível ao bem. A Coroa quisera, com o espetáculo do enforcamento, afirmar o seu domínio sobre a colônia brasileira. Tiradentes tentara, com o sacrifício, salvar os companheiros e abrir ao povo o caminho da emancipação política. Um espírito inquieto, um homem leal, esse Alferes Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha Tiradentes. Herói sem medo de todo um povo”.

CURIOSIDADE

– Na primeira noite em que foi exposta em Vila Rica, a cabeça de Tiradentes foi furtada, sendo o seu paradeiro desconhecido.
– Tratando-se de uma condenação por inconfidência (traição à Coroa), os sinos das igrejas não poderiam tocar quando da execução. Conta-se a história de que, mesmo assim, no momento do enforcamento de Tiradentes, o sino da igreja local soou cinco badaladas.
– Tiradentes jamais teve barba e cabelos grandes. Como alferes, o máximo permitido pelo Exército Português seria um discreto bigode. Durante o tempo que passou na prisão, Tiradentes, assim como todos os presos, tinha periodicamente os cabelos e a barba aparados, para evitar a proliferação de piolhos e, durante a execução, estava careca com a barba feita, pois o cabelo e a barba poderiam interferir na ação da corda.
·         INSTITUTO TIRADENTES
·         R. Jorge Teotônio Teixeira, 50
·         CEP 36570-000 - Viçosa / MG
·         Tel.: (31) 3891-9707 e (31) 3891-5211


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