terça-feira, 7 de julho de 2009

"MEMÓRIA CAMPONESA E CULTURA POPULAR"

Memória Camponesa e Cultura Popular

Nome da Instituição: ASEPA – Associação para estudos e pesquisa em Antropologia, ligada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional/UFRJ

Projeto: Projeto de Cooperação Técnica “Apoio às Políticas e à Participação Social no Desenvolvimento Rural Sustentável” – PCT IICA/NEAD

Número do Contrato: 206046

Tema: Memória Camponesa e Cultura Popular

Objetivo da Consultoria: Desenvolver atividades de estudos relacionados ao resgate da memória das lutas no campo sobre a temática da Reforma Agrária

Produtos elaborados: Produto 2.5 Relatório Seminário Memória Camponesa São Paulo

Palavras chaves (até 5): memória camponesa, agricultura familiar, reforma agrária, conflito.

Projeto Memória Camponesa
Seminário Memória Camponesa - São Paulo
Relatório - Produto 2.5

Conforme previsto na proposta apresentada pela ASEPA / NUAP / Museu Nacional ao NEAD / MDA, este documento objetiva trazer uma descrição do Seminário “Memória Camponesa – São Paulo”, contendo ainda uma síntese dos depoimentos dos participantes e uma cópia da programação em anexo.
O seminário ocorreu no anfiteatro da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp nos dias 18 e 19/11/2008. A comissão organizadora do seminário foi composta pela Professora Sonia M. P. P. Bergamasco (Unicamp/IFCH), Vera Lúcia Botta Ferrante (UNIARA/ Programa de Pós-Graduação de Desenvolvimento Regional), Ana Paula Fraga Bolfe e Marcos Botton Piccin. A realização do seminário contou também com a colaboração de Fernando Antonio Lourenço (Unicamp/IFCH), José Carlos Alves Pereira (Unicamp/ IFCH), Luiz Manoel C. de Almeida (Unicamp/FEAGRI), Tatiane Ramos Santos (Unicamp/ FEAGRI) e Patrícia Delgado Mafra (PPGAS/MN/UFRJ).

Abertura

O Seminário Memória Camponesa - São Paulo teve início às 9 horas da manhã de terça-feira, 18 de novembro de 2008, com a inscrição dos participantes. Seguiu-se então a mesa de abertura, com a presença dos promotores e dos coordenadores do evento, para dar boas-vindas aos participantes. A mesa foi composta pelo Professor Denis Miguel Roston, Diretor da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp; pelo Professor Moacir Palmeira, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional – UFRJ e Coordenador do Projeto Memória Camponesa; o Professor Fernando Lourenço do CERES – Centro de Estudos Rurais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp; Márcia Andrade representando o Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP); Sr. Leonando Pereira representando o Incra, substituindo o Sr. Raimundo Pires da Silva; e a Professora Sonia Bergamasco, coordenadora local do seminário e professora da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp.
O Professor Denis Miguel Roston iniciou o seminário dando boas-vindas aos participantes. Em seguida, o Prof. Moacir Palmeira falou da importância de São Paulo como um estado onde ocorreram lutas camponesas que não devem ser esquecidas e concluiu sua fala agradecendo à Prof.ª Sonia Bergamasco e à FEAGRI por sediar o seminário de São Paulo. O representante do INCRA agradeceu a todos pelo convite e elogiou o trabalho de resgate da memória camponesa por ir ao encontro da questão da reforma agrária. Enfatizou que a participação do Incra nesse seminário confirma o seu papel como parte das lutas pela terra. Posteriormente, Márcia Andrade fez um breve histórico da Fundação ITESP, da qual era a representante, desde seu nascimento no governo estadual de Franco Montoro no ano de 1983, num contexto de ausência de políticas públicas voltadas para os pequenos agricultores. Enfatizou também o papel dessa Fundação como mediadora entre o governo e os movimentos sociais, destacando que no ano de 1995, durante o governo Mário Covas, a Fundação ofereceu forte apoio à luta pela terra, por ter participado no Plano de Desenvolvimento do Pontal do Paranapanema, considerado por ela como um marco das políticas públicas voltadas para reforma agrária no estado de São Paulo. Finalizou sua fala lembrando que os trabalhadores rurais são os “verdadeiros protagonistas” dessa conquista e ofereceu ao coordenador do projeto, o Prof. Moacir Palmeira, um exemplar do livro publicado no ano de 2005 numa parceria com a Universidade de São Paulo, intitulado “Vozes da Terra”. O Prof. Fernando Lourenço (CERES / Unicamp/ IFCH) fez uma breve saudação aos participantes, ressaltou a importância da iniciativa de resgate da memória das lutas camponesas e em específico das conquistas realizadas no estado de São Paulo. Para finalizar a mesa de abertura, a Prof.ª Sonia Bergamasco revelou que se encontrava bastante emocionada em poder realizar o encontro, destacou a colaboração da Prof.ª Vera Lúcia Botta Ferrante e lamentou na sua busca por trabalhadores que vivenciaram o período pré - 1964 para participação no seminário, encontrar vários deles em condições difíceis de saúde e impossibilitados de se deslocarem até Campinas. Mencionou a importância do papel do estado de São Paulo, além dos movimentos do nordeste do país, como vanguardista dos movimentos de luta e conquista de terras. Agradeceu aos trabalhadores por terem comparecido e aos demais participantes.

Apresentação do Projeto Memória Camponesa

O professor Moacir Palmeira fez uma apresentação geral do projeto e um relato dos outros seminários estaduais, enfatizando a importância da iniciativa para a consolidação de uma rede, envolvendo diferentes universidades, sindicatos e movimentos sociais. Disse que a idéia de se fazer esse registro da memória das lutas camponesas partiu de um grupo de pessoas atentas à importância do campesinato e de suas lutas para a história do país e preocupadas com a sua perda, representada pelo desaparecimento progressivo de suas lideranças. Ao final de sua apresentação chamou o Sr. Waldomiro Cordeiro da Fetaesp para compor a primeira mesa do dia.

Mesa Redonda I
Memória Camponesa: o relato dos trabalhadores.

O Sr. Waldomiro Cordeiro nasceu em Santa Fé do Sul, no estado de São Paulo, onde foi pequeno agricultor e depois arrendatário até comprar quatro alqueires de terra na cidade de Rubinéia, onde permaneceu até 1972, quando ele e cerca de 800 famílias foram removidas pela Cesp (Companhia Energética de São Paulo), em virtude da construção da Barragem de Ilha Solteira, que inundou toda a região. Ele deu início à sua fala lembrando-se da criação do Sindicato dos Trabalhadores Autônomos de Santa Fé do Sul, contexto em que ocorreram vários confrontos com a polícia e perseguições de lideranças, mais precisamente entre os anos de 1962 e 1974. Mencionou que o sindicato de Santa Fé do Sul atuou junto ao conflito do “arranca capim” durante os anos de 1961 a 1963, conflito que é visto como um marco do movimento pela reforma agrária no estado de São Paulo, com repercussão nacional e objeto de um documentário também projetado no seminário, mencionado mais adiante. O processo que deu origem ao conflito do “arranca capim” se deu quando um dos empreiteiros do suposto dono da terra, chamado de Zico Diniz, trouxe para região de Santa Fé do Sul, no final dos anos 50, trabalhadores rurais para formar pastagens à base de capim colonião, um capim muito bom para a engorda do gado. Nesse processo, muitas famílias chegaram com a expectativa de ficar na terra durante cinco anos, vivendo da lavoura. Mas uma seca prejudicou a primeira safra e Zico Diniz exigiu a entrega da terra. Logo em seguida, ante a recusa dos trabalhadores, ele ordenou que o capim fosse imediatamente plantado nas lavouras dos camponeses, os ranchos deles queimados e o gado fosse solto para destruir o que ainda restava de suas lavouras e que lhes servia de alimentação. Foi nesse tenso contexto que Jofre Correia Neto apareceu para organizar a defesa dos camponeses. Ele convocou a todos para uma operação chamada “arranca capim”, arrancando de suas lavouras o capim que o proprietário havia mandado replantar.
Sr. Waldomiro citou também a importância de um líder religioso chamado Aparecido Jacintho Galdino, de Rubinéia, que mobilizou a resistência dos moradores das áreas atingidas pela abertura da barragem de Ilha Solteira, também retratado no filme “Profeta das Águas” (projetado no ultimo dia do seminário). Em seguida, falou que embora o período dos anos 1960 e 1970 fosse um contexto adverso para demandas dos trabalhadores, havia um sentimento de união muito presente no movimento sindical daquele momento, pois aglutinava-se um grande número de trabalhadores, cerca de 300 a 400 pessoas, nas assembléias do sindicato. Em resposta a uma pergunta feita por uma aluna da universidade, se havia ocupação e de como era a luta para a conquista da terra nos anos 1960 e 1970, Sr. Waldomiro falou que havia uma comissão do Incra que avaliava as fazendas para serem indenizadas e alocadas para reforma agrária. Sobre a questão do meio ambiente, colocada por outra aluna da universidade, ele respondeu que naquela época era relativamente comum usar os recursos das matas, rios e florestas e que isso não era uma questão. Finalizou sua palestra afirmando que é preciso usar as terras devolutas, fazer um levantamento dessas terras sem escritura e colocá-las para reforma agrária, ao mesmo tempo oferecendo garantias às famílias assentadas.
O outro convidado a fazer parte da mesa, Francisco Urbano, ex-presidente da Contag, não pôde comparecer.
Mesa Redonda II
História da conquista da Fazenda Rebojo:
O relato dos trabalhadores.

Anadiu Damascena é agricultor do assentamento da Fazenda Rebojo e nasceu na cidade de Presidente Prudente, filho de pernambucano que migrou para São Paulo para trabalhar na Fazenda Rebojo. Ele iniciou seu relato apresentando as características gerais do Rebojo, sua localização na cidade de Estrela do Norte, a 60 quilômetros da cidade de Presidente Prudente. Segundo ele, não há muitas famílias remanescentes do assentamento de 1965 e falou das dimensões das terras que hoje variam entre 9 a 20 alqueires. Lembrou que no início, não podia criar gado e que a terra era apenas para cultivo agrícola e lamentou que, atualmente, os sítios do Rebojo estejam perdendo gente para o trabalho assalariado nas usinas de cana-de-açúcar.
Sebastião Bezerra Leite relatou que seu pai no início dos anos 1960 fora despejado juntamente com outros posseiros da Fazenda Rebojo e, ciente de que o suposto proprietário não tinha o título da fazenda, solicitou o apoio da igreja local para conseguir um advogado que o ajudasse a articular em Brasília o movimento de desapropriação da Fazenda Rebojo, entre os anos 1964 e 1965. Disse que em 1968 os títulos das propriedades foram concedidos para cada assentado. Relatou que foi feita também uma seleção nas cidades vizinhas para o assentamento de agricultores e os dois critérios utilizados eram: ser casado e ter até 60 anos de idade. A assistência técnica oferecida aos assentados na ocasião, era precária e segundo Sr. Sebastião não havia programas de empréstimos em dinheiro às famílias assentadas. A construção de cercas, poços, casas etc. deveria ser por conta do próprio assentado. Lembrou também que um dos posseiros que conseguiu terra no Rebojo foi ameaçado pela gerência do Banco do Brasil por não conseguir cumprir os prazos no acerto do empréstimo e que naquela época não havia advogado para interceder em favor do pequeno agricultor. Em seguida, fez uma crítica ao órgão que na época era responsável pela reforma agrária, o IBRA, por obrigar seus funcionários a fazer uma política de inviabilização da produção no assentamento, ponto enfatizado também em outra mesa do encontro relativa ao conflito ocorrido em torno da Fazenda Primavera no final dos anos 1970. Sobre a relação com os sindicatos, Anadiu Damascena falou que na área da saúde o sindicato era a única referência existente, por oferecer assistência médica aos seus sindicalizados em Presidente Prudente.
O terceiro convidado da mesa, o Sr. Paulo Menezes não pôde comparecer por dificuldades de deslocamento devido à sua idade avançada. Os trabalhos da Mesa II foram encerrados.

Mesa Redonda III
História da Conquista da Fazenda Primavera:
O relato dos trabalhadores.

A mesa foi composta por René Parren, ex-pároco que atuou junto aos posseiros no processo de desapropriação da Fazenda Primavera e pelo Sr. Valdeci Rodrigues de Oliveira, pequeno agricultor assentado na Fazenda Primavera. O Sr. João Figueiredo não pôde comparecer devido a problemas de saúde e a dificuldades de deslocamento até a cidade de Campinas. O Sr. Valdeci iniciou sua participação mostrando uma fotografia, em preto e branco, da ocasião em que recebeu pelas mãos do então Presidente da República, João Figueiredo, a escritura de sua terra na Fazenda Primavera. Lembrou inicialmente que viu, quando ainda jovem, seu pai e seu avô serem algemados e presos, e lamentou emocionado, a existência de muita perseguição e violência no final dos anos de 1950 e na década de 1960. Foi nessa ocasião que o Padre René Parren apareceu na Fazenda Primavera e segundo o Sr. Valdeci, foi ele quem incentivou a sua participação no movimento de conquista dessa fazenda. Nessa época, segundo ele, o Prefeito de Andradina, município onde fica a Fazenda Primavera, era da mesma família do suposto dono da fazenda, o Sr. Abdala, que por sua vez, era também parente de Paulo Maluf, o então governador de São Paulo. Em função disso, Sr. Valdeci declarou ter sentido receio de participar desse processo e nos relatou muito emocionado a seguinte história: um dos moradores da fazenda, chamado Adalberto, encaminhou para Brasília um pedido de desapropriação da Fazenda Primavera, por verificar que não havia escritura em nome do Sr. Abdala e quando voltou foi perseguido até a morte, assassinado na frente de sua filha por jagunços contratados pelo suposto proprietário. Disse que o Padre René Parren também foi “caçado igual a um animal”. Lembrou que fora injusto com o Padre René e aproveitou a ocasião para se desculpar publicamente por ter “virado as costas pra ele” quando representantes do Incra o acusaram de comunista naquela época. Relatou que o assassinato do Sr. Adalberto foi muito chocante, levando todos os moradores a fazer uma homenagem. Foi celebrada uma missa e, ao seu término, todos seguiram em passeata até ao fórum da cidade exigindo justiça. Sr. Valdeci enfatizou que essa homenagem mobilizou muita gente, o que pressionou o juiz. Ele considerou que o assassinato seguido dessa homenagem e da manifestação foram os elementos que precipitaram a desapropriação da fazenda “por tensão social para interesse de reforma agrária” no dia 8 de julho de 1980.
A partir de então, Sr. Valdeci apresentou uma série de críticas ao modo como foi feita à concessão das terras da Fazenda Primavera. Declarou que a documentação saiu muito rapidamente e que não houve apoio técnico às famílias assentadas. Ao contrário, ele disse que houve interesse do Incra em inviabilizar o assentamento e de passar a imagem de que “a reforma agrária não funciona” e que aquelas pessoas “não gostam de trabalhar” e, portanto “não teriam vocação agrícola”. Lamentou ter se deixado fotografar recebendo o título de posse de sua terra das mãos do Presidente da República, disse-nos que somente algum tempo depois constatou que a desapropriação fora usada politicamente. Emocionado, lembrou que as famílias assentadas tiveram que entregar sua terra como pagamento de dívidas contraídas com o Banco do Brasil. Por fim, fez uma comparação entre esse modelo apresentado de reforma agrária com o modelo atual. Disse-nos que tem registrado em fotografias o assentamento da Fazenda Belo Mundo e que, comparando essas fotografias com as que ele tem da Fazenda Primavera, é possível perceber uma enorme diferença na organização das vilas. Segundo ele, atualmente os assentamentos teriam certo planejamento, graças à presença de técnicos que orientam a produção e encerrou sua fala, ainda mais emocionado, dizendo que aquele dia (dia do seminário) fora “o melhor dia” de sua vida, por ter tido a oportunidade de se retratar publicamente ao Padre René, também presente na mesa.
René Parren iniciou seu depoimento relatando a sua chegada na região da cidade de Andradina para atuar na Paróquia São Sebastião na linha da Teologia da Libertação. A divisão das tarefas colocou o padre para fazer trabalho de base na Fazenda Primavera. Ressaltou que o medo ao qual o Sr. Valdeci se referia não era exagero, porque um levantamento prévio da região já apresentava esse quadro de violência extrema, motivo pelo qual aportou na Fazenda Primavera “na época do Abdala”. Enumerou os mecanismos de pressão exercido pelo Sr. Abdala: 1- cobrança de alto percentual da renda, pago em produto que era roubado no peso e pago com cheque pré-datado de outra praça, o qual o trabalhador somente conseguia trocar com o agiota, que por sua vez ficava com a metade do valor; 2- contratação de jagunços para vigiar a entrada e a saída da fazenda, 3- soltura do gado na roça do pessoal e 4- assassinatos e perseguições às famílias de moradores posseiros. Renné disse que a fazenda possuía naquela época 10 vilas que somavam um total de 9.250 hectares e que sua tarefa era atuar em uma das glebas para fazer levantamento das formas de contrato e acordo com o Sr. Abdala; levantar a produção; mediar assistência jurídica fora da comarca e denunciar internacionalmente a arbitrariedade e violência praticada contra os meeiros. Segundo René, foi esse movimento na fazenda Primavera que inspirou a organização do movimento dos trabalhadores sem terra no Pontal do Paranapanema e em outras regiões do estado do Paraná e do Rio Grande do Sul até a fundação do MST em 1984. Lembrou também que em 1982, com a vitória do MDB em São Paulo, começou a ser feito um levantamento das terras públicas no Estado. Ele finalizou sua fala noticiando que está em curso, no momento, uma política de reversão do quadro da Fazenda Primavera e que o Incra está envolvido nessa retomada de incentivos à “agricultura familiar camponesa” na região. Em seguida, foi aberta a rodada de perguntas. O Sr. Waldomiro perguntou sobre como o René, que é religioso, vê o projeto da Contag e os limites para a reforma agrária. Depois, Sr. Sebastião fez um comentário sobre a importância do que foi dito pelos dois participantes, pois esclareceu como as coisas haviam sido encaminhadas em Andradina. Por ultimo, o Prof. Moacir fez um comentário a respeito da atuação desse empresário no setor industrial, sobre informações de que houvera problemas com os operários e perguntou se houve algum tipo de articulação entre os camponeses e o operariado.
René Parren respondeu ao Prof. Moacir afirmando saber dos problemas do empresário com seus funcionários, mas desconhece qualquer articulação entre camponeses e operários ligados ao Sr. Abdala. Ele enfatizou a necessidade de uma política que limite o tamanho da propriedade de terra no país e falou que está em processo de negociação no Congresso Nacional a elaboração de um projeto que estabeleça esses limites, mas que está parado porque esbarra na questão dos índices de produtividade e na questão da correlação de forças políticas estabelecidas em Brasília. Finalizou afirmando que o problema da Fazenda Primavera foi o fato de terem considerado encerrada a questão da reforma agrária apenas com a conquista da terra e não terem continuado a reivindicar recursos para a manutenção da produção e notou que essa é a diferença fundamental entre os assentamentos desse tipo e os assentamentos decorrentes de pressão política desempenhada pelas ocupações. Nesse ultimo caso, segundo René, há uma maior consciência da necessidade de manter a pressão política para garantir a permanência das famílias nas terras. Foi dado por encerrado o trabalho na última mesa do dia.

Encerramento do primeiro dia do seminário

A programação do primeiro dia do encontro encerrou-se com a projeção do filme de Clifford Wellch, da UNESP de Presidente Prudente (SP), intitulado “A Guerra do Capim” e do filme “ABRA: Histórias de Luta pela Terra” de José Juliano de Carvalho Filho da Associação Brasileira de Reforma Agrária - ABRA e a apresentação do livro “Memória da luta pela reforma agrária no Brasil” de Luiz Antonio Cabello Norder da Universidade Estadual de Londrina (PR).
“A Guerra do Capim”, filme de Clifford Wellch, trata do conflito ocorrido na cidade de Santa Fé do Sul que ficou conhecido como a “guerra do capim”, ou o conflito do “arranca capim”. No seminário, a maior parte dos participantes fez referência ao episódio. O documentário mostra que o movimento do “arranca capim” atraiu a mídia e Jofre, liderança do conflito, se tornou um personagem comparado a Fidel Castro, por disseminar os ideais de resistência entre os camponeses na época da revolução cubana. O filme mostra que o desfecho desse conflito se deu com a intervenção do Estado em favor do Zico Diniz, que conseguiu uma decisão judicial contra a ação dos camponeses, bem como a presença da polícia militar na região. O então Governador Carvalho Pinto, diante da situação, mandou à região um interventor estadual, o biólogo e músico Paulo Emílio Vanzolini, que no filme declara pessoalmente ter subornado alguns camponeses e enviado uma equipe de advogados para negociar contratos de arrendamento e de ter convencido muitas famílias a assinarem novos contratos que prorrogaram apenas a permanência dos trabalhadores por mais um ou dois anos.
Em seguida, foi projetado o filme “ABRA: Histórias de Luta pela Terra”. Trata-se de um documentário comemorativo dos 40 anos da Associação Brasileira de Reforma Agrária completados em 2007. O documentário contém depoimentos de lideranças, fundadores e membros da associação que, de um modo geral, enfatizam a importância da associação como mediadora entre o Estado, a academia e os movimentos sociais em cada fase da história dos movimentos pela reforma agrária desde a sua fundação em 1967.
Por fim, ocorreu a apresentação do trabalho desenvolvido pelo Luiz Antonio Cabello Norder, da Universidade Estadual de Londrina, “Memória da luta pela reforma agrária no Brasil”. Trata-se da organização dos arquivos da ABRA, financiado pelo NEAD/Ministério do Desenvolvimento Agrário. É um catálogo que organizou os documentos em 64 assuntos, tais como “Conflitos”; “Serra dos Carajás”; “Dossiês” (que está dividido em “pobreza”, “segurança alimentar”, “partidos políticos”, “assentamento Pirituba”, “reforma agrária e questão agrária”); “Periódicos”; “Cartazes”; “Documentos administrativos” e “Lista de siglas”. O catálogo pode ser adquirido por download na home-page da associação.
O segundo dia do seminário, 19 de novembro, teve início às 9 horas da manhã com a projeção do documentário “O Profeta das Águas” de Leopoldo Nunes. Em seguida, começou a última mesa do seminário, com depoimentos de João Rodrigues Filho e Juca Dagualberto, dos assentamentos São Bento e Gleba XV, respectivamente.
“Profeta das Águas”. O filme acompanha a trajetória, de 1986 até 2005, de Aparecido Galdino Jacintho da cidade de Rubinéia, conhecido como Profeta das Águas, que liderou nos anos 70, em plena ditadura militar, um exército de salvação para proteger o rio Paraná da construção da hidrelétrica de Ilha Solteira e impedir o deslocamento das famílias atingidas pela barragem. Galdino e seus seguidores foram detidos no DOPS, sendo que ele permaneceu como preso político no DOI-CODI e depois foi internado no hospital psiquiátrico de Franco da Rocha. Aos 80 anos, na época da produção do documentário, Galdino ainda era reconhecido como um importante líder religioso e benzedor na cidade de Rubinéia.

Mesa Redonda IV
Memória Camponesa
O relato dos trabalhadores.

A última mesa do encontro foi composta pelos trabalhadores assentados da região do Pontal do Paranapanema e iniciou com a fala de Sr. Juca Dagualberto, do assentamento Gleba 15 de Novembro, município de Rosana, seguida do depoimento do Sr. João Rodrigues Filho, 83 anos, do assentamento São Bento, município de Mirante do Paranapanema, ambos da região do Pontal do Paranapanema.
Juca Dagualberto iniciou seu relato contando sobre a ocupação em meados dos anos 1970 da Gleba Tucano, parte da fazenda que pertencia à empresa Camargo Correia na cidade de Rosana. O Senhor, Juca discorreu sobre alguns dos financiamentos criados para os assentados e segundo ele, nenhum desses projetos deu certo, como por exemplo, o projeto do bicho da seda, que deixou todos os assentados endividados. Em sua opinião, se não tivessem feito a ocupação naquela época, talvez ele ainda estivesse precisando complementar sua aposentadoria trabalhando “para os outros” como pedreiro ou carpinteiro. Lamentou o fato de existir muita gente que vive submetido às ordens de um “patrão” e afirmou que seu patrão é os programas que o governo cria e que é preciso cumprir seus prazos. Disse que se não fosse sua propriedade, não teria podido educar seus filhos. Finalizou dizendo que Teodoro Sampaio, Euclides da Cunha, Mirante do Paranapanema e Rosana são municípios prósperos em função dos assentamentos ocorridos nessa região. Em seguida, estimulado pela questão colocada pelo Prof. Moacir Palmeira, sobre como era sua vida antes do assentamento e se ele lembrava quem era a liderança da ocupação, Juca relatou que até conseguir a terra, trabalhava como barrageiro e trabalhou na abertura da barragem da Ilha Solteira. Depois, trabalhou numa usina até ficar desempregado. Foi quando resolveu fazer a ocupação da Fazenda Tucano em novembro de 1983. Citou os nomes de duas lideranças da época da ocupação, Benedito Gabriel e Sidnei de Paula.
Depois, o Sr. João Cordeiro, do assentamento São Bento, iniciou a sua fala. O Sr. João tem 83 anos e relatou suas experiências nos assentamentos da região do Pontal do Paranapanema, bem como sua atual participação nos protestos e ocupações. Ele apresentou uma série de correspondências enviadas aos Presidentes da República, uma delas enviada em 1967 ao Presidente Costa e Silva, reivindicando assistência aos pequenos agricultores e trabalhadores rurais, e outras remetidas a José Sarney e Lula da Silva. Apresentou também as cartas que enviou aos governadores de São Paulo reivindicando atenção para a questão das dificuldades técnica e ausência de crédito para produção nos assentamentos. Seu depoimento foi dedicado ao contexto atual, aproveitando o espaço para apontar os problemas enfrentados pelos assentados e para denunciar o descaso e a violência praticados contra os camponeses por parte do atual governo do estado de São Paulo, representado pelo Itesp. Decepcionado com as autoridades estaduais, Sr. João considera mais eficaz tratar dos assuntos diretamente com Brasília e é através das cartas que elabora que ele reivindica e denuncia o descaso do poder estadual, bem como tenta pressionar as políticas públicas voltadas para a reforma agrária.
Clifford Wellch colocou uma questão ao Sr. Juca Dagualberto relacionada ao papel da igreja nesse processo, no Assentamento Gleba 15 de Novembro. Seu Juca falou que a igreja, representada pelo Padre Gerson e o Bispo Plínio Junqueira, estava em campo oposto e que o Bispo chegou a envenenar a água do reservatório de um dos assentamentos, o que acabou prejudicando a lavoura e as pessoas. Aproveitou a oportunidade para denunciar a “chegada da cana” em área de reserva, desmatada ilegalmente para esse plantio.

Encerramento do seminário e considerações finais.
A Professora Sônia Bergamasco deu os trabalhados por encerrados. Em seguida, foram entregues os certificados aos participantes e Sr. Valdeci pediu a palavra ao receber o seu. Saudou a todos pela iniciativa e disse que está saindo do seminário mais esperançoso por constatar a existência de pessoas interessadas na reforma agrária e que às vezes se sente abandonado e se pergunta: “será que eu [como pequeno agricultor] realmente contribuo para o crescimento do Brasil?”. Considerou que o seminário representou “uma luz no fim do túnel” por mostrar que tem muita gente interessada em promover a reforma agrária. Em seguida, a Prof.ª Sonia Bergamasco passou as palavras finais ao Prof. Moacir Palmeira.
O Prof. Moacir Palmeira, coordenador do projeto, considerou que depois de ouvir os depoimentos era difícil dizer ainda alguma coisa a mais sobre o assunto. Falou que o registro desses depoimentos será feito em vídeo e em material escrito depositado em arquivos relevantes. Ressaltou a importância desse material para a memória camponesa como uma forma de se conhecer o valor dessas lutas e declarou ter esperança que os camponeses sejam reconhecidos como atores políticos que contribuíram significativamente para o processo de redemocratização do Brasil, bem como para a cultura brasileira. Enfatizou que o que foi dito ali não foram relatos de ações apenas, mas “vidas inteiras jogadas nessa luta”. Agradeceu a todos e se dirigiu ao Sr. Valdeci para devolver o agradecimento, dizendo que inverteria a coisa, pois se na época da redemocratização, a reforma agrária estava na agenda do governo, era porque havia um movimento que antes e durante toda a ditadura militar consolidou o papel político do trabalhador rural na construção de uma sociedade mais democrática. Nesse sentido, “a luz no fim do túnel”, disse o professor, está representada na luta dos trabalhadores e nas suas ações em defesa da reforma agrária.


segunda-feira, 6 de julho de 2009

Hidrovia Tietê - Paraná







O Mapa mostra a Bacia do rio Paraná, com destaque para o rio Tietê, um dos principais afluentes do rio Paraná (clique para ampliar e ver mais detalhes)
A Hidrovia Tietê - Paraná é uma via de navegação situada entre as regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, que permite a navegação e conseqüentemente o transporte de cargas e de passageiros ao longo dos rios Paraná e Tietê. Um sistema de eclusas viabiliza a passagem pelos desníveis das muitas reprêsas existentes nos dois rios.
É uma via muito importante para o escoamento da produção agrícola dos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e parte de Rondônia, Tocantins e Minas Gerais. A hidrovia movimentou 2 milhões de toneladas de carga no ano de 2001. Possui 12 terminais portuários, distribuídos em uma área de 76 milhões de hectares. A entrada em operação desta hidrovia impulsionou a implantação de 23 pólos industriais, 17 pólos turísticos e 12 pólos de distribuição. Gerou aproximadamente 4 mil empregos diretos.
A implantação e a manutenção da hidrovia e todas ações que se referem à sua infra-estrutura, com exceção das do rio Tietê (que estão a cargo do Departamento Hidroviário do estado de São Paulo) estão a cargo da Administração das Hidrovias do Paraná-AHRANA(órgão da sociedade de economia mista federal vinculada ao Ministério dos Transportes, Companhia Docas do Estado de São Paulo - CODESP)
Extensão
Segundo o projeto, a hidrovia permite a navegabilidade no rio Piracicaba, desde o encontro com o rio Tietê até 22 km a montante, no rio Tietê, desde a cidade paulista de Conchas até o encontro do Tietê com o Paraná, numa extensão de 554 km, no rio Paranaíba, desde a base da barragem da Usina Hidrelétrica de São Simão até ao encontro com o rio Paraná, numa extensão de 180 km, no rio Grande, desde a base da barragem da Usina Hidrelétrica de Água Vermelha até ao encontro do rio Grande com o rio Paraná, numa extensão de 59 km, no rio Paraná desde o encontro dos rios Grande e Paranaíba, até a barragem da Usina Hidrelétrica de Itaipú, numa extensão de 800 km e no canal Pereira Barreto, que liga a barragem Três Irmãos da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos, no rio Tietê, ao rio São José dos Dourados, afluente da margem esquerda do rio Paraná, no Estado de São Paulo, numa extensão de 53 km.

terça-feira, 30 de junho de 2009

RIO PARANÁ
























RIO PARANÁ
Formado pela na confluência dos rios Paranaíba e Grande, o Rio Paraná é o segundo rio em extensão na América do Sul e o décimo do mundo em vazão.
Sua bacia abrange mais de 10% do território nacional incluindo parte dos estados de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. Seus principais tributários são os rios Tietê, Paranapanema, Iguaçu e Paraguai.

Entre os municípios de Guaíra e Foz do Iguaçu, no Estado do Paraná, ocupa 170 quilômetros de trecho contíguo aos territórios brasileiro e paraguaio, onde foi formado o Reservatório para o aproveitamento hidrelétrico de Itaipu.

A jusante de Itaipu, segue seu curso fazendo divisa entre Argentina e o Paraguai até receber seu maior afluente, o Rio Paraguai, formando juntamente com o Rio Uruguai a Bacia do Prata.

Bacia Hidrográfica do Paraná
A rede hidrográfica do território paranaense que drena suas águas diretamente no Reservatório de Itaipu é denominada Bacia do Paraná III. Com 8.000km2 e podendo ser subdividida em 13 sub-bacias essa área envolve total ou parcialmente os municípios de Altônia,Cascavel, Céu Azul, Diamante do Oeste, Entre Rios do Oeste, Foz do Iguaçu, Guaíra, Itaipulândia, Marechal Candido Rondon, Maripá, Matelândia, Medianeira, Mercedes, Missal, Nova Santa Rosa, Ouro Verde do Oeste, Pato Bragado, Quatro Pontes, Ramilândia, Santa Helena, Santa Teresa do Oeste, Santa Teresinha de Itaipu, São José das Palmeiras, São Miguel do Iguaçu, São Pedro do Iguaçu, Terra Roxa, Toledo e Vera Cruz do Oeste.
Entre os rios que formam a bacia podemos destacar o São Francisco que nasce em Cascavel, o Guaçu, que nasce em Toledo, o São Francisco Falso, que nasce em Céu Azul, o Ocoí, que nasce em Matelândia; além do São Vicente e Passo Cuê.
Cerca de 900.000 pessoas habitam os 28 municípios que a compõem, destacando-se quatro deles com populações entre 70 e 260 mil habitantes.
Relativamente ao IDH-M, os índices situam-se entre 0,850 e 0,676 e o saneamento básico atende pouco mais de 50% das maiores aglomerações, com índices precários nos pequenos centros urbanos.
A economia baseia-se no setor primário, com alguns focos de forte industrialização e concentração turística na parte sul, região da tríplice fronteira com a Argentina e Paraguai.

Dados Técnicos:
Área: 1.350 km2 cota normal operacional (770 km2 estão do lado brasileiro e 580 km2 no lado paraguaio).Volume de água: 29 bilhões de m3Extensão: 170 kmLargura máxima: 12 kmLargura média: 7 kmProfundidade: média - 22,5mMáxima 170m (próximo à barragem)Nível normal operacional (cota): 219,00 a 220,30 metros acima do nível do marNível máximo: 223,10 metros acima do nível do marNível mínimo: 197,00 metros acima do nível do mar
Outros dados:
O Reservatório possui 66 pequenas ilhas, das quais 44 estão na margem brasileira e 22 na paraguaia.
Grande parte dos 29 bilhões de metros cúbicos de água represada no Reservatório é renovada em média a cada 32 dias.
Fauna aquática
Produção pesqueira anual: média de 1.450 toneladas
Um total de 189 espécies de peixes vivem no Reservatório de Itaipu. As mais abundantes na pesca profissional são:
1ª Armado 36%
2ª Corvina 16%
3ª Mapará 9%
4ª Curimbatá 6%
5ª Barbado 6%
Pescadores
Até a formação do Reservatório de Itaipu, em 1.982, as duas colônias de pescadores então existentes reuniam 113 filiados no trecho do rio Paraná que vai de Foz do Iguaçu a Guaíra.
Atualmente, cerca de 500 pescadores profissionais, agrupados em 05 colônias e 03 associações, sobrevivem da pesca no Reservatório. Se esse número for somado ao dos pescadores esporádicos, que têm outras atividades, eleva-se para cerca de 800.
Usos múltiplos instalados na margem brasileira do Reservatório
9 praias artificiais localizadas nos municípios de Santa Helena, Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu, Itaipulândia, Mercedes, Porto Mendes, São Miguel, Missal, Entre Rios do Oeste.
435 corredores usados pelo gado para tomar água. Esses acessos cortam a faixa de proteção e são chamados de corredores de dessedentação.
2 pontos de captação de água para consumo humano, um em Foz do Iguaçu e outro em Santa Terezinha de Itaipu.
30 pontos de captação de água para irrigação de culturas agrícolas.
24 pontos de captação de água para usos diversos (exceto irrigação).
5 portos de descarga de areia.
3 portos de travessia: Santa Helena, Porto Mendes, Pato Bragado e Guaíra.
63 pontos de pesca.
7 criadores de peixes em tanques-rede (meta de expansão até dez/2005-200 criadores, principalmente pescadores).
6 bases náuticas: Foz do Iguaçu, Entre Rios do Oeste, Guaíra, Itaipulândia, Marechal Cândido Rondon e Santa Helena.
Tamanho
O Reservatório de Itaipu é o sétimo em tamanho do Brasil.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

SÍMBOLOS MUNICIPAIS

BANDEIRA DE RUBINÉIA
BRASÃO DE RUBINÉIA





LEI Nº 345/82

ADELINO ANTÓNIO ALVES, Prefeito Municipal de Rubinéia, Estado de São Paulo, usando das atribuições que lhe são conferidas por lei, etc.
FAZ SABER que a Câmara Municipal decretou e ele sanciona e promulga a seguinte lei:

DISPÕES SOBRE OS SÍMBOLOS DO MUNICÍPIO DE RUBINÉIA E DA OUTRAS PROVIDENCIAS

Artigo 1º) -. São símbolos do Município de Rubinéia

I - Brasão de Armas;
II - A Bandeira Municipal»

Artigo 2º) – O Brasão de Armas do Município de Rubinéia, idealizado pelo Heraldista e vexilologo, Sr. Lauro Ribeiro Escobar, assim se descreve: escudo ibérico, de prata, com um leão rompante de púrpura, entre duas rosas sustida, ao natural, chefes de goles carredo de dois machados de ouro, passados em aspa e contra-chefe ondado de blau aguado do campo. O Escudo é encimado de coroa mural de prata, de oito torres, suas portas abertas de sable e tem como suportes, a dextra, um ramo de cafeeiro e a sinistra, uma haste de milho, carregados ao pé respectivamente, de um feixe de arroz e um ramo de feijoeiro, tudo folhado e produzindo, ao natural. Listel de goles, com o topônimo “RUBINÉIA”, em letras de ouro.

Artigo 3º)- 0 Brasão de Armas ora instituído, tem a seguinte interpretarão:
I - 0 escudo ibérico era usado em Portugal à época do desco­brimento do Brasil e sua adoção evoca os primeiros colonizadores e desbravadores de nossa Pátria.
II - 0 metal prata do campo do escudo, tem o significado de felicidade, na pureza, temperança, verdade, franqueza, formosura, integridade e amizade, a sublinhar o clima de compreensão e harmo­nia de que desfrutam os Munícipes.
III - 0 leão rompante (levantado sobre as patas traseiras) simboliza força, coragem, mando domínio, grandeza de ânimo, soberania, gravidade, autoridade e liberdade. 0 leão rompante de púrpura é peça das armas da família Silva, evocando, no Brasão de Armas de Rubinéia a figura pioneira de Felix Bento da Silva.
IV - As rosas constituem o atributo de Santa Terezinha, sob cuja invocação, foi, em 3 de outubro de 1 952, lançados os alicerces do nosso Município. E a rosa, emblema heráldico de beleza, graça, juventude, suavidade, nobreza, honra imaculada e pureza de costumes.
V - 0 chefe ocupa a parte superior do escudo e é a primeira das peças honrosas de primeira ordem.. A cor goles (vermelho), é representativa de audácia, coragem, valor, galhardia, intrepidez, nobreza conspícua, generosidade e honra, aludindo aos predicados dos primeiros povoadores do local, legados as seus posteiros, cujo esforço propiciou a formação e desenvolvimento do povoado, hoje sede do Município.
VI - Os machados salientam o trabalho eficiente e evocam o episódio histórico da derrubada de duas aroeiras, no local onde hoje se situa a Praça da Matriz, por Manoel Cândido de Azevedo, ali mesmo lavradas a machado e transformadas no cruzeiro que presidiu o nascimen­to do povoado. O metal ouro, significa riqueza, esplendor, generosidade, nobreza, gloria, poder, força, fé, prosperidade e soberania.
VII- 0 contra-chefe (peça situada na parte inferior do escudo), ondado da blau (azul) e aguado de prata, representa os grandes cursos de água, referindo-se, pois, a riqueza hidrográfica do Município, em especial ao Rio Paraná e à vasta massa líquida formada pela barragem de Ilha-Solteira.

VIII - A coroa mural é o símbolo da emancipação política, e, de prata, com auto torres, das quais unicamente cindo são visíveis, constituem a reservada às cidades. As portas abertas de sable (preto) proclamam o caráter hospitaleiro do povo de Rubinéia.

IX - 0 ramo de cafeeiro, a haste de milho, o feixe de arroz e o ramo de feijoeiro, atestam à fertilidade das terras generosas de Rubinéia e indicam que as lidas do campo constituem fator básico de economia Municipal.

X - No listel, o topônimo "RUBINÉIA" identifica o município.

Artigo 4º) - A Bandeira de Rubinéia, de autoria do heraldista e vexilologo, Dr. Lauro Ribeiro Escobar, assim se descreve: retangular de amarelo, com triângulo de vermelho, movente da talha, carregado de um triângulo de branco, sobrecarregado do Brasão de Armas descrito no Artigo 2º.

Artigo 5º) - Tem a bandeira 14 m (quatorze módulos) da altura, por 20 m (vinte módulos) de comprimento triângulo vermelho, tem a base s coincidente com a talha e 17 m (dezessete) módulos de altura o triângulo branco, tem a "base sobreposta a do primeiro e 12 m (doze;) módulos de altura e o Brasão de Armas tem 6 m (seis) Módulos de altura.

Artigo 6º) - 0 Brasão de Armas de Rubinéia é exclusivo do Poder Municipal e será usado:

I - Obrigatoriamente,
- nos documentos, demais papéis e correspondências Oficial.
o Gabinete do Prefeito Municipal e na sala das sessões Câmara Municipal, ou melhor, na Câmara de Vereadores.
II - Facultativamente,
- na fachada dos Edifícios Públicos;
- nos veículos oficiais e
- nos locais onde se realizam festividades promovidas pela Municipalidade.

Artigo 7º}- A apresentação e sinais de respeito devidos aos Símbolos de Rubinéia, regular-se-a, no que couber, pela legislação federal.

Artigo 8º) – É proibida reprodução dos Símbolos de Rubinéia, ou sua manutenção, em locais ou situações incompatíveis com o decoro, bem como em propaganda comercial ou política.

Artigo 9º) - Mediante expressa autorizarão e a exclusivo crité­rio do Prefeito Municipal, poderão os Símbolos de Rubinéia ser reproduzidos em distintivos, selos, medalhas, adesivos, flâmulas, bandeirolas, objetos artísticos ou de uso pessoal, em campanhas cívicas, assistenciais, culturais ou de divulgação turísticas.
§ 1º) - As reproduções deverão obedecer às proporções e cores m originais, ficando para tais arquivados na Prefeitura Municipal, exemplares destinados a servir de modelo,
§ 2º) - Para a reprodução monocromática do Brasão de Armas, é obrigatória a representação de seus metais e cores de acordo com a convenção em heráldica internacionalmente aceita.

Artigo 10 – O poder Executivo, mediante Decreto, estabelecerá as sanções para as infrações dos dispositivos desta lei.

Artigo 11. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em. contrário, em especial a Lei 98/68 de 20 de maio de 1968.

Prefeitura Municipal de Rubinéia, 12 de Junho 1982,


Adelino Antonio Alves
Prefeito Municipal

Registrado no livro próprio e publicado por afixação no local de costume na sua data supra, com arquivamento de cópias no Cartório de Registro Civil e anexos Local.

sábado, 27 de junho de 2009

Programa Navega São Paulo realizou curso de Canoagem






























Programa Navega São Paulo realizou curso de CanoagemDesde a implantação do Programa Navega São Paulo em Rubinéia, que tem sido desenvolvido através de um convênio entre a Prefeitura e a Secretaria Estadual da Juventude, Esporte e Lazer, já foram ministrados dois cursos, o de Vela e o de Canoagem.O primeiro teve duração de cinco dias e foi realizado no mês passado, já o de Canoagem ocorreu no domingo e segunda-feira passada, dias 12 e 13, no antigo Ipanema, com a participação de oito monitores e instrutores que trabalharão no projeto.O Navega São Paulo atenderá adolescentes de 12 a 15 anos, matriculados na rede pública de ensino e é considerado uma ação social da Secretaria da Juventude, Esporte e Lazer que utiliza os esportes náuticos do remo, vela e canoagem como ferramenta de inclusão social, além de trabalhar a capacidade motora, social, de civismo, consciência ecológica, espírito de equipe e cidadania nos jovens atendidos.Para cada núcleo são repassadas embarcações a remo, de canoagem e à vela, além de embarcações de apoio, coletes e uniformes. Os alunos ainda recebem reforço alimentar e é oferecido treinamento para instrutores e monitores, como os cursos que aconteceram em Rubinéia recentemente. Dentre os principais objetivos do projeto estão recuperar a “maritimidade”, bem como cultivar a cultura náutica e garantir a integração social dos adolescentes integrantes do projeto.De acordo com os responsáveis pelo navega em Rubinéia, inicialmente serão atendidas 80 estudantes daquele município, que será a primeira turma a ser formada, depois, o projeto se estenderá para os adolescentes da região, sendo que, num ano, deverão ser atendidos 300 adolescentes. E, já está sendo preparado um novo curso para os instrutores e monitores, o de Remo.Quanto à importância do Navega São Paulo para Rubinéia, foi ressaltado que essa é uma região propícia para prática de esporte náutico, além disso, os assistidos participarão de aulas extracurriculares de primeiro socorros, noções de meio-ambiente e proteção ambiental, entre outros temas. Por isso, também, há intenção de firmar parceria com a rede pública de ensino para incluir o Navega como oficina na grade escolar das escolas de tempo integral, a fim de não sobrecarregar as aulas de finais de semana. Esse programa é realizado em parceria com a Marinha, Sabesp e Confederação dos Esportes Náuticos.

DEPOIMENTOS DE MORADORES DE RUBINÉIA/SP


Um lugar debaixo d'água
A relação dos moradores com o rio que inundou sua cidade; galeria de fotos e vídeo exclusivos acompanha a matéria.
Por André Seiti

A ausência de vento e a calmaria da madrugada eram interrompidas apenas pelo constante bater das águas do Rio Paraná, invisível na escuridão. Silencioso, um grupo de pescadores fazia os últimos preparativos para embarcar, na esperança de que algumas centenas de peixes tivessem sido presas pelas tralhas armadas rio adentro. Ainda era escuro quando o barulho dos motores dos barcos anunciou a partida. Sob o caminho a percorrer, não estavam apenas milhões de metros cúbicos de água, mas também poetas, escritores e uma cidade alagada pelo Paraná.
Em vez de pedestres e carros, corvinas, tucunarés e outros peixes transitam pelas vias da antiga pequena cidade paulista de Rubinéia, que, desafiando tempo e espaço, proporciona em seus cruzamentos o encontro de Machado de Assis, Cecília Meireles, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa e muitos outros, todos os nomes de ruas da cidade submersa. Alagada em 1970, devido à construção da usina hidrelétrica de Ilha Solteira, Rubinéia foi reconstruída com os mesmos nomes ilustres em suas ruas, e hoje a cidade velha, tomada pela água, serve de passagem para muitos pescadores que se lançam ao rio. O tempo e o rio
Às 5 e meia, já sob a luz da manhã do dia 5 de março, que permitia avistar o estado de Mato Grosso do Sul, um barco de 6 metros de comprimento, com dois pescadores, Milton Martins e Levi Salvino, moradores de Rubinéia, começava a recolher as redes armadas no dia anterior. Enquanto o primeiro puxava a tralha da água, o segundo retirava os peixes presos. Um trabalho que exige paciência, resistência e coragem. Não são raras as vezes que Milton recolhe da água piranhas pouco amistosas, amansadas com pauladas na cabeça dadas por Levi. São 3 mil metros de rede divididos em seções, devidamente distanciadas de acordo com a legislação pesqueira de São Paulo. No entanto, a lei não é a mesma ao longo do Rio Paraná. Nas proximidades de Mato Grosso do Sul e nos afluentes que rumam àquele estado, vigora outra legislação, que já apreendeu muitos barcos e redes de pescadores paulistas. Liberto Quiozini, o Lico, pescador há mais de 22 anos, chegou a ser preso em uma fiscalização no rio, além de ter seu barco e equipamentos apreendidos. Ele, que possui todas as autorizações do estado de São Paulo para pescar, estava em região mato-grossense. Apesar dos entraves jurídicos que pairam sobre o rio, ele não titubeia: "O Paraná significa tudo para mim, porque é de lá que eu tiro o sustento da minha família. O Paraná é nossa mãe". Lico, que constrói seus próprios barcos há cinco anos, recorda também o tempo da antiga Rubinéia, quando o rio era baixo. "A gente sente saudade daquele tempo, hoje a gente vai se adaptando." Uma saudade semelhante toma conta de outro pescador da cidade, Juraci Tomé, o seu Jura, que, na década de 1960, costumava fazer a travessia São Paulo-Mato Grosso do Sul a nado pelo Paraná. "O rio antes era melhor. Naquele tempo só pegava peixe grande, era caranha, pintado, curimba, piau, jaú, dourado." Seu Jura foi um dos moradores que tiveram de abandonar sua casa por causa da inundação. "A turma da Cesp [Companhia Energética de São Paulo] chegou e a gente teve que ir embora." Hoje navega diariamente por cima de sua antiga casa; ele faz parte do grupo de pescadores que vai e volta no mesmo dia, diferentemente daquele que passa a semana dentro do rio, em busca de grandes quantidades de peixe. Tanto seu Jura quanto Lico dividem uma admiração particular pelo rio. "Gosto dele, tem que gostar, é a profissão da gente pescar", explica seu Jura. É tanto o gosto pelo Paraná, que ele utilizava sua água para tudo: beber, cozinhar e se banhar. "Ela era limpinha, só algumas vezes que passava algum defunto girando com a barriga inchada", explica. "Até hoje, de vez em quando, bebo a água do rio, não tem essas frescuras." Para Lico, a experiência de estar no Rio Paraná é única. "Lá não tem dor de cabeça, não tem problema; quando você está lá, você está em outro mundo", afirma. "O tempo parece que não passa. O relógio é o sol." Rosimeire Quiozini, esposa de Lico e também pescadora, complementa: "A gente não liga o rádio, não olha nem o relógio. Lá a gente tem mais tempo de analisar as coisas bonitas, um pássaro, um animal, uma árvore”. As mulheres pescadoras têm forte presença no Rio Paraná. Rosilene dos Santos Gagliarde, conhecida como Binha, e o marido, Vanildo Finêncio Gagliarde, apelidado de Vando, pescam juntos há 18 anos, o mesmo período em que estão casados. "Quando a gente se casou, ele me ensinou a pescar e hoje gosto muito disso", diz Binha. O casal, durante o período aberto à pesca, costuma permanecer cinco dias por semana no rio.
Antonio Carlos César, o Carlão, e Aparecida de Abreu, a Cida, são outros casais de pescadores conhecido na cidade. Em 2006, ambos viveu uma experiência delicada. Enquanto pescavam na margem de um afluente do Paraná, foram surpreendidos por um enxame. Coberto de abelhas, Carlão empurrou o barco com a mulher por mais de 150 metros - uma vez que o motor teimava em falhar. Chegou a cair no rio sentindo fortes dores e falta de ar. Nesse momento, ouviu a mulher, também coberta de abelhas, chamá-lo para dentro do barco. Após conseguir ligar o motor, o casal viajou por mais de 40 minutos até chegar ao desembarcadouro de Rubinéia. Estima-se que Cida tenha sido picada por aproximadamente 600 abelhas e Carlão por cerca de 800. Apesar da experiência, ele diz ainda preferir estar em água a estar em terra. "Eu gosto muito de ficar observando aquilo que é natural que é puro; do rio dá pra ver melhor isso", conta. Quanto ao ataque das abelhas, ele acredita ser uma reação do desequilíbrio ambiental causado por interferências humanas no ecossistema, como construções de hidrelétricas que mudam o curso de rios. "Aquilo que o progresso exige muitas vezes acaba prejudicando a natureza.” A seca não seguiu.
Quando saiu de Areias, interior de São Paulo, e chegou à fronteira com Mato Grosso do Sul há 55 anos, Gersino Alves se espantou. "Eu não conhecia rio bonito assim, quando cheguei à beirada do rio, deu aquele medo, parecia que era uma neblina, perguntava: isso é água ou é fumaça?", recorda. "Lá de onde eu venho só tem Corguinho simples." Sem saber nadar, seu Gersino, que trabalha como ferreiro, tentou ir de barco sozinho até Aparecida do Taboado, cidade mato-grossense do outro lado do Paraná. "Fiquei girando no meio do rio sem perceber, até que gritaram para mim que eu não estava saindo do lugar." Hoje, o ferreiro não se aventura mais em travessias pelo rio, apenas se banha em suas águas, ritual que segue desde que conheceu o Paraná. Quem também se espantou no primeiro contato com o Paraná foi Expedito Martins Neto. Cinqüenta anos atrás, sentado sob uma sábia em Baturité, no Ceará, ele fez um pedido a Deus: queria um lugar longe da seca para criar os filhos. Em 1963, chegou a Rubinéia, onde comprou um terreno de dois alqueires à beira do Rio Paraná. Lá, com a mulher, Anália Martins, criou os dez filhos, com fartura de água. "Quem pediu a Deus para criar os filhos só tem mesmo que amar o rio." Segundo ele, mais de 30 pessoas já fizeram propostas para comprar o terreno, mas nenhuma obteve sucesso. "A vida tem muita lombada, o que eu pedi a Deus eu tenho que respeitar. Aqui eu não vendo." Atualmente, aos 80 anos, criam em seu terreno 19 cabeças de gado. Ao se aproximar do rio, localizado no quintal de sua casa, seu Expedito fica imóvel com as mãos na cintura. "Aqui é lugar bom de viver, saiba viver." Logo se cala e o silêncio só é interrompido pelo constante bater das águas do Rio Paraná, visível em sua imensidão.


Mergulhadores exploram Rubinéia submersa
Sob as águas do Paranazão, equipe localiza ruínas da cidade inundada.

Foi em 1973 que a construção da hidrelétrica de Ilha Solteira, alagou a velha cidade de Rubinéia nas águas do Rio Paraná e, uma nova cidade surgiu próximo ao local. A transferência da população para a "Nova Rubinéia" foi feita com tempo hábil da maioria das edificações serem demolidas da antiga cidade e pouco sobrou no momento da inundação.
A equipe de mergulhadores de Fernandópolis, formada pelos empresários Clacir Colassiol, Adão José Martins e Gilberto Musto, realizou dezenas de mergulhos durante os últimos 18 meses a fim de explorarem o local que está há 12 metros de profundidade. Tecnicamente os mergulhos são "rasos" proporcionando um período maior de permanência dos mergulhadores junto às ruínas, facilitando assim a pesquisa.
As condições climáticas interferem diretamente nos mergulhos da equipe, aonde apenas na estiagem a visibilidade chega a cerca de 5 metros. Nos demais períodos do ano a média não passa de 2 metros, demandando assim um período bastante longo para conclusão dos trabalhos.
Hoje as ruínas da cidade submersas estão totalmente mapeadas por GPS e os pilares da antiga estação ferroviária cabeados para guiar outros apreciadores do mergulho pelo trajeto montado pela equipe fernandopolense.
São cerca de 25 pilares com 6 metros de altura cada, numa extensão de 110 metros no total da plataforma, ainda sedimentada com poucas rachaduras. Ruínas da bilheteria é outro ícone do local. Informações de que um antigo lavador dos trens que ali paravam para manutenção, ainda está sendo procurado pelos mergulhadores. A antiga caixa d da cidade, que ficava próximo ao lavador, foi destruída não faz muito tempo. A edificação, que continha uma parte localizada acima da superfície da água colocava em risco as embarcações do local. As pilastras demolidas foram localizadas pelos mergulhadores e também devidamente mapeadas como no croqui ao lado.
"O local é limpo e não há enroscos. Torna-se um mergulho prazeroso e relaxante" diz Clacir. Para Adão o conhecimento histórico de um passado não tão distante é o que atraia a equipe: "Sempre nos deparamos com um antigo morador, ou ribeirinho que conta a história de Rubinéia. Acho que somos privilegiados de podermos, hoje, visitar ‘in loco’ o que foi parte da vida de muitos munícipes do local". Giba diz ainda que o trabalho não terminou: "Nós temos esperança de ainda encontrar o lavador, e completar o trajeto da estrada de ferro. O progresso da nossa pesquisa é gradual, mas temos a certeza de estarmos próximos do nosso objetivo".
Em uma das atividades da equipe no mês passado, o mergulhador Thales Igor de Oliveira de Santo André, desceu com os amigos para conhecer as ruínas: "é um mergulho muito radical, diferente dos que estamos acostumados a fazer no mar, com visibilidade de até 20 metros. O mergulho no Rio Paraná é de muita adrenalina" conclui Thales que tem apenas 15 anos de idade e 1 de mergulho autônomo.
Como chegar
O acesso à cidade de Rubinéia é pela rodovia Euclides da Cunha, que se inicia em São José do Rio Preto e termina na cidade de Rubinéia. A distância da capital paulista até Rubinéia é de 630 km. A cidade está localizada na divisa dos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás, ao lado da ponte Rodoferroviária Federal.
GPS: 20º 18,640' S / 51º 1,990' W
Gilberto Musto é jornalista, radialista, diretor da Revista CHARME e da Mídia G. Comunicação. Atualmente possui certificação de Divemaster e mergulha há 2 anos tendo logados cerca de 100 mergulhos, dos quais cerca de 40 deles em rios da região de São Paulo, Minas e Mato Grosso. Juntamente com Clacir Colassiol e Adão José Martins, está formando um grupo de mergulhadores da região Noroeste objetivando novas pesquisas.

FOTOS DA PONTE RODOFERROVIÁRIA DE RUBINÉIA/SP

PONTE RODOFERROVIARIA





  BACALHAU Bacalhau  é o nome comum de diversas espécies de  peixes  classificadas em vários géneros. Em particular, corresponde a cerca d...