sexta-feira, 26 de junho de 2009

LUIZÃO FILHO ILUSTRE DE RUBINÉIA/SP



Luiz Carlos Bombonato Goulart, o Luizão, (Rubinéia, 14 de novembro de 1975), é um futebolista brasileiro, atacante que no Guarani, Palmeiras, Vasco, Corinthians, Botafogo, São Paulo e Flamengo.
Luizão também foi jogador da
Seleção Brasileira, tendo, inclusive, participado da conquista do pentacampeonato na Copa do Mundo de 2002.
Carreira
Luizão surgiu nas categorias de base do
Guarani, em 1991. Estreou como profissional, em outubro de 1992, numa partida em que Santos e Guarani empataram por 1x1. Logo em seguida, porém, acabou sendo emprestado ao Paraná.
Conquistou o
Campeonato Paranaense, em 1993, sendo que este foi o primeiro, dos muitos títulos, que ainda viriam pela frente. Depois disso, retornou ao Guarani, em 1994, aonde permaneceu até o final do ano seguinte.
Contratado pelo
Palmeiras, Luizão sagrou-se campeão paulista de 1996, quando integrou o ataque daquela histórica equipe palmeirense, que em 30 jogos disputados, terminou o campeonato com mais de 100 gols anotados e apenas uma derrota.
Em 1997, deixou o Palmeiras e foi jogar no exterior, aonde passou a defender o
La Coruña, da Espanha. Por lá, Luizão conseguiu conquistar somente o título do Troféu Teresa Herrera.
De volta ao Brasil, Luizão vestiu a camisa de outro grande clube brasileiro, o
Vasco da Gama. Conquistou o Campeonato Carioca de 1998 e, ainda naquele mesmo ano, conseguiu sua maior vitória até então, quando o Vasco sagrou-se campeão da Taça Libertadores da América.
Transferiu-se para o
Corinthians, no início de 1999, sendo que, logo de cara, acabou sagrando-se, tanto campeão paulista, como campeão brasileiro. Em 2000, portanto, um ano mais tarde, conquistou o primeiro Mundial de Clubes da FIFA, realizado no Brasil.
Ainda no ano 2000, marcou 14 gols, durante a
Libertadores da América, tornando-se o artilheiro com maior número de gols feitos, em uma única edição desta competição.
A fase de Luizão no Corinthians foi tão boa, que o atacante foi convocado para a última partida das eliminatórias da
Copa do Mundo de 2002. Naquele jogo, contra a Venezuela, o Brasil precisava da vitória, para se classificar para o Mundial. Não decepcionando a torcida, Luizão marcou os dois primeiros gols da vitória brasileira, por 3x0, garantindo o Brasil, e a ele próprio, na Copa do Mundo.
Antes de deixar o Corinthians, em 2002, Luizão ainda conseguiu vencer mais um
Campeonato Paulista, o de 2001. Depois, teve rápida passagem pelo Grêmio e, em seguida, retornou à Europa, integrando a equipe do Hertha Berlin, da Alemanha.
Ficou dois anos seguidos na Alemanha, mas não conseguiu nenhum título. Entaõ, em março de 2004, voltou ao Brasil, contratado pelo
Botafogo, quando ajudou a equipe a fugir do rebaixamento. Após uma lesão, veio a rescindir, amigavelmente, seu contrato com o clube.
No ano seguinte, mudou-se para o
São Paulo, aonde conquistou, mais uma vez, os títulos do Campeonato Paulista e da Libertadores da América. Em julho de 2005, trocou o São Paulo pelo Nagoya Grampus, do Japão. Contudo, não aguentou ficar muito tempo por lá e, apenas dois meses mais tarde, retornava ao Brasil, para jogar pelo Santos
No início de 2006, ainda em alta, devido ao bom rendimento no primeiro semestre do ano anterior, quando estava no São Paulo, Luizão acabou entrando nos planos do Flamengo. Infelizmente, durante os 10 meses em que permaneceu na Gávea, Luizão teve de conviver com sucessivas lesões, que o deixaram de fora de muitos jogos. Mesmo assim, Luizão foi decisivo nas vezes em que entrou em campo com a camisa rubro-negra, tendo participado, inclusive, da vitoriosa campanha do Flamengo, na Copa do Brasil de 2006.
Em meados de 2007, assinou com o
São Caetano, aonde permaneceu até abril do ano seguinte, quando teve seu contrato rescindido com o clube.
Títulos
Paraná
Campeonato Paranaense: 1993
Palmeiras
Campeonato Paulista: 1996
Vasco da Gama
Campeonato Carioca: 1998
Taça Libertadores da América: 1998
Torneio Rio-São Paulo: 1999
Corinthians
Campeonato Paulista: 1999, 2001
Campeonato Brasileiro: 1999
Mundial de Clubes da FIFA: 2000
São Paulo
Campeonato Paulista: 2005
Taça Libertadores da América: 2005
Flamengo
Copa do Brasil: 2006
Seleção Brasileira
Medalha de Bronze nas
Olimpíadas de Atlanta: 1996
Copa do Mundo: 2002
Artilharia
Copa do Brasil: 1996 (8 gols)
Taça Libertadores da América: 2000 (14)

FOTOS DE RUBINÉIA/SP











































quinta-feira, 25 de junho de 2009

FIM DA RUBINÉIA VELHA E INICIO DA RUBINÉIA DE HOJE















Tudo começou em 1967, com a notícia de que a região de Rubinéia, localizada no interior do estado de São Paulo seria inundada pelas águas do Lago Artificial da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira, construída pela Companhia Energética de São Paulo S/A, o que resultaria na inundação de um terço do território de Rubinéia, além da submersão do seu sítio urbano e áreas de terras agrárias cultiváveis. Então, a CESP, em 1969, deu início à desapropriação e demolição de casas, bares, hotéis, cinema e casas comerciais e, em Eis no que dá ser nome de rua: Sofrem-se os maiores vexames, está o homem tranqüilo em sua condição de placa de esquina, servindo à orientação de pedestres e motorizados, e começam a surgir em torno dele estranhas questões ligadas ao desenvolvimento nacional, à propriedade privada e à política em termos paroquiais. Chega o momento em que até a provação do seqüestro lhe é infligida. Pensam que fica nisto? Seus aborrecimentos terminam – estou falando sério – em morte por afogamento.
Tudo isso está acontecendo em Rubinéia com poetas como Vinicius de Moraes e o supra-assinado, a quem Rubinéia, com discrição encantadora, pois nada nos comunicou, gentilmente, homenageara promovendo-nos a logradouros públicos. Ao saber agora da distinção, era caso de soltarmos nossos foguetes e brandirmos nossas copas de uísque. Mas, tristeza das homenagens, o que nos compete é carpir. Pois acabamos de ser vítimas de seqüestro e, pior, dentro em breve, soverteremos nas águas. Pois Rubinéia vai desaparecer da face da terra e, com ela, seremos submergidos.

R U B I N É I A UMA BREVE HISTÓRIA: 1973, as águas do Rio Paraná começaram a subir, encobrindo casas, destroços, sonhos, vidas de cidadãos de Rubinéia. Através de um empréstimo junto ao Banco Bandeirantes, em que um era avalista do outro, para que fosse feita a desapropriação de 24,2 hectares de terras para reconstruir a cidade e, em 1972, surge à primeira casa comercial, e Rubinéia firma-se como cidade, graças à teimosia de Alcides Silva e empenho de Rubens Messaro e Osmar Novaes. Em 1968, no mandato de prefeito, quando ainda se cogitava a hipótese da inundação, Novaes construiu prédios públicos como o Cemitério e o Matadouro Municipal, longe do alcance das águas, que ele imaginava que não iria alcançar estes locais, já que a inundação ocorrera em 1973, mas, diante do perigo eminente, decidiu garantir a integridade dos prédios e quem visita Rubinéia logo percebe que estes lugares estão próximos da cidade, o que muitos, em 1968, disseram ser “loucura”, hoje se tornou astúcia. Pouco tempo depois, a cidade de Rubinéia já se urbanizava, contava com açougues, empórios, Centro de Saúde, Biblioteca Municipal, Grupo Escolar, Centro Comunitário. Outro fator interessante da pequena cidade era de que, na hora de batizar suas ruas, a cidade dá exemplo de cultura e respeito, nomeando - as com nomes de poetas e escritores famosos, como Olavo Bilac, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, que, em 1971, noticiou os acontecimentos na cidade em sua coluna no Jornal do Brasil do Rio de Janeiro intitulado “Aconteceu em Rubinéia”, e ainda em 1973 escreveu um poema “Os Submersos”, dando destaque à atitude dos Rubineienses em batizar suas ruas com nome de poetas e escritores, lamentando que suas placas e logradouros estivessem debaixo d’água.


ACONTECEU EM RUBINÉIA
(CARTA DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)

Que é Rubinéia, onde fica? Rubinéia já era, e não fica propriamente, ficava na margem esquerda do rio Paraná, em São Paulo. Sete mil habitantes pequena cidade civilizadíssima, pois quando tinha de dar nome a ruas, não fazia por menos: batizava- se de Machado de Assis, Manuel Bandeira, Guimarães Rosa, Cecília Meireles, Mario de Andrade, Graciliano Ramos, outros mais. Esquecendo-se de que estamos vivos, lembrou-se ainda de Vinicius e deste escrevente; dele, com justiça; de mim, como brincadeira. Cidade quase toda consagrada a poetas e prosadores, haverá outro no Brasil ou no mundo, que em geral prefere valores menos abstratos, e abre exceção para um literato mantendo a regra em louvor de mil homens de ação prática? E assim, em Rubinéia, Machado vizinhava com Cecília, Rosa contava do Urucuia a Bilac, Bandeira e Mário não precisavam cartear-se: viam-se. Uma cidade diferente na paz de suas belas-letras, no bulício de suas 13 escolas. Eis que a CESP (Centrais Elétricas de São Paulo) projeta a barragem de uma usina-monstro, no complexo de Urubupungá. Toda a região será alagada, e Rubinéia inteira é desapropriada para esse fim. A população inteira migra para outros pagos, suas casas são demolidas. Caem nossas ilustres placas, e no chão de escombros não se consente memória de nomes. Todas as casas? Menos uma, a sede da Prefeitura, cujo titular exige indenizações consideradas excessivamente gordas. Como está é recusado, o prefeito entende de cobrar de CESP 120 mil contos de Imposto Territorial enquanto o chão não é tragado pelo rio Paraná, e move executivo fiscal contra a empresa. No decorrer do pleito, procede-se a seqüestro de depósito das outrora ruas onde outrora placas nos glorificam. Operação - fantasma, promovida por autoridade - fantasma. Aqui, um trecho do auto lavrado por dois meirinhos: “Aos 29 dias do mês de setembro de 1973 na cidade de Rubinéia onde comparecemos nos oficiais e justiça deste juízo (...) depois de haver, observadas as formalidades legais, nos dirigido a vários lugares para citar a executada e como não foi possível, porque a pessoa que pode receber citações em nome da mesma reside á Avenida Paulista nº. 2 064, 20.º andar em S. Paulo capital, assim sendo, de conformidade com o decreto-lei 980 de 1938, passamos a proceder ao seqüestro dos bens que deram origem à divida, abaixo inscritos: 14 lotes de quadra 18, com as seguintes confrontações: Avenida Tiradentes, Rua Vinícius de Morais e Rua Carlos Drummond de Andrade; 17 lotes da quadra 22, com as seguintes confrontações: Rua Vinícius de Morais e Avenida Graciliano Ramos...” etc. Tiradentes, não é caso de reclamar, ele já se habituou ao martírio, em pessoa, estátua, verso e discurso. Os outros grandes mortos, Machado á frente, pouco se lhes dá, vivem na perenidade da biografia. Mas nós dois, Vinicius e eu, não é dura pena, seremos desapropriados, demolidos, seqüestrados, depositados e submergidos em sacrifício à industrialização do país e à briga de interesses entre prefeito, vereadores e CESP? Só nos resta o consolo ministrado pelo poeta português Sidônio Muralha, radicado em S. Paulo. Cantando “o último luar de Rubinéia”, afiança que “... seus poetas, lá no fundo das águas, vão reconstruí-la, vão reescrevê-la, e ela virá à tona com limos e com magmas, e nós, homens mortais, vamos arrancá-la das águas como nasce uma estrela de outra estrela.” (CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE).

PROGRAMA ACESSA SÃO PAULO - RUBINÉIA


























PROGRAMA ACESSA SÃO PAULO/RUBINÉIA

O Acessa São Paulo é um programa de inclusão digital do Governo do estado de São Paulo coordenado pela Secretaria de Gestão Pública, com apoio da Prodesp, Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo.
Instituído em julho de 2000, o Programa Acessa São Paulo oferece para população do estado o acesso às novas tecnologias da informação e comunicação (TIC), em especial à internet, contribuindo para o desenvolvimento social, cultural, intelectual e econômico dos cidadãos paulistas. O objetivo do programa é permitir que cidadãos de todos os níveis sócio econômicos possam acessar as TIC's, a internet e fazer o uso de serviço que a rede disponibiliza.
Para atingir seus objetivos, o Programa Acessa São Paulo abre e mantém infocentros, espaços públicos com computadores para acesso gratuito e livre à internet. Monitores auxiliam a população a se conectar à internet (banda larga) e outros usos do computador, como textos escolares e outros.
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Implantado em parceria com Prefeitura Municipal de Rubinéia, fica localizado ao lado da biblioteca municipal atendendo a população em suas diferentes necessidades e atingir seus objetivos de inclusão digital.
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quarta-feira, 24 de junho de 2009

"O HERÓI NACIONAL, APARECIDO GALDINO JACINTHO." “O PROFETA DAS ÁGUAS”

"O herói nacional, Aparecido Galdino Jacintho."
“O PROFETA DAS ÁGUAS” - Aparecido Galdino Jacintho, líder religioso, curandeiro, herói do rio Paraná, ou se preferir "O profeta das águas", protagonista do excepcional documentário "O profeta das águas", dirigido pelo cineasta, Leopoldo Nunes (atual diretor da Ancine).
Fiz questão de participar da sessão com debate na sala Maria Antonia do PopCine - Circuito Popular de Cinema, nesta última terça-feira "22/05/07" às 20h. O debate seria com o cineasta e diretor, Leopoldo Nunes, com o produtor da Taus Produções Audiovisuais, Reinaldo Volpato e com o esperadíssimo, Hector Babenco - bom, fiquei até às 22h 40 e, até este momento, infelizmente, o diretor Leopoldo Nunes não tinha comparecido, algo extremamente inconveniente, já que é o diretor do filme, mas, entendo plenamente a situação dos nossos aeroportos, trânsito de São Paulo, etc. O produtor Reinaldo Volpato e Hector Babenco, sem dúvida, valeu a noite.
Reinaldo Volpato é uma grande figura, divertido, extrovertido, inteligente e, com grande desenvoltura, conseguiu conduzir o público no debate. Hector Babenco... Sem palavras - quando soube que Hector Babenco estaria no debate, saberia que não poderia faltar, pois foi um momento inesquecível, principalmente para o megalomaníaco crítico cinéfilo, Ademir Pascale, eu... rs. - Troquei algumas palavras com Hector, mas percebi certo desconforto em sua fisionomia no momento do debate, acredito que devido ao “grande” atraso do diretor do filme, isso se realmente se atrasou, pois não sei dizer se de fato compareceu, não suportei aguardar tanto tempo.
No momento da exibição de "O Profeta das Águas", notei o silêncio pairar no ar. Olhos estupefatos vislumbravam cenas e fatos tortuosos de uma época que muitos ali ainda nem tinham nascido. - Não pense que verá apenas cenas tortuosas desta lamentável época, mas sim, também seqüelas e até momentos cômicos que, sem dúvida alguma, me fez considerar um dos melhores filmes documentais exibidos dos últimos anos.
"O profeta das águas", filme documental de extrema importância, gritante, esclarecedor e tortuoso para os pacifistas. É difícil de acreditar que o nosso Brasil passou por um momento tão difícil e lastimoso, chamado "Ditadura Militar". Galdino, o Profeta das Águas, foi considerado nos anos 70s como preso político, um perigo para a sociedade. Foi preso e torturado, juntamente de outros, todos torturados sem motivo algum. Em um dos relatos, fiquei sabendo que um homem foi brutalmente torturado e, depois de alguns dias, morreu devido às seqüelas da tortura, somente porque tinha o hábito de "ler muito". O protagonista, Galdino, ainda vivo, com mais de uma dezena de filhos e com mais de oito décadas de vivências, sofrimentos e injustiças, foi preso político, passou pelos presídios Barro Branco, Tiradentes, Carandiru e, posteriormente, foi considerado louco pelas forças militares e passou mais de dois anos em um hospital psiquiátrico. - Poderemos comparar Galdino com o grande líder Antônio Conselheiro "1835-1897", homem considerado santo por várias pessoas, pelo fato de curar doentes, assim como o nosso protagonista. O filme é memorável e imperdível, espero poder contemplá-lo na mídia com notícias de sua exibição em várias praças do Brasil e, não que eu seja contra aos heróis mascarados, piratas, ninjas, mini-bruxos, aranhas, tartarugas, morcegos e outros seres americanizados e hollywoodianos, mas, por favor, vamos dar um apoio ao cinema nacional, vamos voltar nossos olhos para nossos próprios trabalhos, aos nossos heróis, ao herói desmascarado, ao Aparecido Galdino Jacintho, o profeta das águas.
Brasil, 2006.
Duração: 83 min.
Gênero: documentário
Roteiro: Leopoldo Nunes
Produção executiva: Leopoldo Nunes e Reinaldo Volpato
Direção de produção: Jerson Badaró
Fotografia e câmara: Cleumo Segond
Som direto: Marcio Jacovani
Montagem: Reinaldo Volpato
Co-produção: TV Cultura e STV


Os longos anos de internação
São José do Rio Preto, 30 de Março de 2004.
Carlos Chimba
Allan de Abreu
Jonil Jacintho, 54 anos, é um sujeito inquieto. Quando fala do pai, o profeta Aparecido Galdino Jacintho, o Aparecidão, suas mãos se agitam no ar, frenéticas. O rosto fica ruborizado. Jonas, como é mais conhecido, não se conforma com o fato de o pai não ter recebido um tostão de indenização do governo depois de tanto tempo de prisão, torturas e espancamentos. “Todo o dinheiro que eu tinha, gastei com advogado para tentar uma indenização. Não consegui nada”, reclama Jonas, batendo forte com as mãos nos joelhos. Mal consegue segurar a raiva, na varanda da casa onde mora, em Mirassol. Ele cita um exemplo de injustiça ao pai que julga um dos mais escandalosos. Em 1974, Janete Clair se inspirou na história de Aparecido Galdino Jacintho para escrever a novela “Fogo sobre Terra”, que se passa na mítica “Divinéia”. A história é, em tudo, semelhante à saga de Galdino nas margens do Paranazão. Mas a Globo não pagou um centavo de direitos autorais para o profeta.
Jonas é o único dos três filhos mais velhos de Aparecidão que parece se preocupar com o pai. Os demais se afastaram, por vergonha ou raiva. Naquele início de 1971, ainda rapagão, Jonas não foi informado sobre a transferência do pai da cadeia de Estrela D’Oeste para São Paulo. “Se soubesse, não teria deixado. Teriam de me matar antes”, exagera. Jonas se mudou com a mãe para Campinas. Queria ficar mais perto do pai. O assédio da imprensa já era grande. Tanto que a fábrica de móveis onde Jonas trabalhava ficou assustada e o demitiu em pouco tempo. “Tive de vender doce na rua para não passar fome”, lembra.

Adiamentos
Do lado de dentro dos muros do manicômio, Aparecidão aguardava, ansioso, a liberdade. Em princípio, o profeta tinha data certa para sair de lá: 1º de outubro de 1972. Mas um segundo laudo psiquiátrico, de 22 de novembro daquele ano, prolongou o sofrimento do profeta de Rubinéia. “Pelo exposto, podemos verificar que o examinando apresenta distúrbios do conteúdo do pensamento - idéias delirantes de cunho místico, grandeza”, anotam os médicos Giovanni Di Giunta e Antônio João Melges. “Podemos concluir que Galdino apresenta um quadro esquizofrênico-paranóide, necessitando de tratamento, devendo pois permanecer manicomiado, para sua própria segurança e da sociedade.” Aparecidão custava a acreditar, mas os laudos se repetiam, quase uniformes.
Ninguém sabia ao certo o motivo, mas a ditadura não queria a liberdade dele. “Aparecido Galdino Jacintho continua doente, devendo permanecer nosocomiado para tratamento e por oferecer periculosidade”, concluiu o terceiro laudo, de 28 de setembro de 1973. Cercado pelos muros altos do manicômio, Galdino mal via o tempo passar. Não percebeu que, lá fora, o PCdoB começava a organizar, entre Goiás e Pará, a guerrilha do Araguaia, o mais expressivo movimento de combate ao regime militar. Em 1972, 69 militantes do partido começaram a fazer treinamentos e se prepararam para a luta contra os militares. A resistência durou dois anos, quando todos os guerrilheiros foram aniquilados na maior operação das Forças Armadas no Brasil desde a Segunda Guerra Mundial. Vieram então o quarto parecer sobre Galdino, em 21 de outubro de 1974, e o quinto, em três de novembro de 1975: “Do exposto, somos de parecer que o examinado continua doente, todavia se beneficiou com o tratamento instituído. Porém, sua periculosidade se encontra a nível superior a de um doente mental, portanto, devendo permanecer frenocomiado - para segurança da coletividade”.O general Ernesto Geisel já era presidente do Brasil: tomara posse em 1973. Surgia o projeto de abertura política, ou, como se chamava na época, a “distensão lenta, gradual e segura”. Mas Aparecidão nada sentia dos efeitos da distensão. “Eu não sabia muito bem o que acontecia no mundo. Com política não me importava, nem me importo, só penso que os homens devem se amar e se respeitar.” Vem o laudo de 13 de janeiro de 1978. Dessa vez, os psiquiatras João Moacyr de Almeida Prado e Guido Arturo Palomba observaram que Galdino às vezes ria “de modo inadequado”. Quando Jonil e a mãe o visitavam no manicômio, Aparecidão despedia-se procurando demonstrar gratidão: “Deus te abençoe, meu filho”. Segundo os médicos, ele ainda era capaz de benzer, “mas quando sair do manicômio não benzerá mais ninguém, para não criar problemas”.

Reprodução

General Ernesto Geisel tomou posse como presidente do Brasil em 1973
SúplicaEnquanto isso chovia sucessivos pedidos de hábeas corpus encaminhado por Aparecidão ao juiz-auditor da Justiça Militar. “Agora que me sinto lúcido é que vejo a insensatez de que fui tomado, ao agir de forma irracional, tanto religiosamente como com relação à desapropriação das terras que me pertenciam. (...) Solicito-lhe penhoradamente que aceite esta sincera retratação, e que dê a oportunidade a este suplicante, para que volte ao seio de seus entes queridos, bem como ao convívio da nossa sociedade”. Galdino assinou a carta. Mas é pouco provável que ele a tenha escrito de próprio punho. O profeta de Rubinéia sabia de cor muitas passagens da Bíblia. Quase repetira a saga dos Canudos de Antônio Conselheiro. Resgatara o mito do sebastianismo. Mas não sabia ler ou escrever uma palavra sequer. Só repetia no papel, mecanicamente, o seu nome por extenso.
Em outubro de 1973, Aparecidão concluiu o Mobral e se tornou um analfabeto funcional. Nessa época, passaram pelo manicômio homens perigosos, como o “Bandido da Luz Vermelha”, ladrão famoso em São Paulo na década de 60. Mas o profeta de Rubinéia, que outrora gritava tantas palavras assustadoras nos seus sermões, agora preferia ficar calado, discreto. “A vida lá é um pouco difícil e era triste ver alguns homens que nunca saíam dos quartos. Às vezes alguém mais doente ficava agressivo, porque estava mal. Por todos eles eu só rezava. Rezar era o que eu podia fazer por eles”, disse Aparecidão assim que saiu do manicômio.

Entre facas e garfos
O profeta começou a trabalhar na cozinha da instituição. “Mexia com facas, com garfos, mas nunca feri ninguém, nem pensei em machucar alguém. Eu só pensava em rezar pelos que estavam sofrendo, e isso ninguém podia proibir”, disse. “Nunca fiquei desesperado.” Desde aquela época, Galdino não gosta de tomar remédio. “Mas tinha de seguir as ordens, tomar o remédio, senão era pior”, lembra. Algumas vezes o profeta recebeu visita do todo poderoso delegado do Dops, Sérgio Paranhos Fleury. “Ele era um justiceiro, um homem que andava devagar, o passo firme. Todo mundo respeitava.” Aos poucos, o País se mobilizava em torno daquele homem que apodrecia no manicômio. Com o início da abertura do regime, a imprensa se encorajou e passou a denunciar, quase toda semana, a situação de Aparecidão, que um dia se atrevera a montar um “Exército da Força Divina” às margens do rio Paraná.
Os jornalistas paulistanos e cariocas pouco compreendiam da realidade daqueles sertões tão distantes. Mas os especialistas combatiam severamente a validade daquela pilha de laudos psiquiátricos padronizados pela imposição do regime. “Galdino, como todos os místicos, é subversivo pela fé. Esta a sua característica. E não a que a psiquiatria arbitrariamente lhe impôs. (...) Nada, conseqüentemente, justifica internação no Manicômio Judiciário, essa prisão sem julgamento de que a Justiça se vale por não poder condenar e a psiquiatria abaliza para servir à Justiça, desservindo aos seus próprios fins”, escreve a psiquiatra Betty Milan. Quanto mais próximo chegava o País da democracia, os argumentos para manter Galdino preso de pouco em pouco se esfacelavam. Até que, numa manhã meio nublada e chuvosa, veio a liberdade.

  BACALHAU Bacalhau  é o nome comum de diversas espécies de  peixes  classificadas em vários géneros. Em particular, corresponde a cerca d...