sexta-feira, 17 de julho de 2009

SÍMBOLOS ESTADUAIS "SÃO PAULO"



BRASÃO
Heráldica: (conjunto de emblemas do brasão) um escudo português vermelho e uma espada com o punho voltado para baixo sobre o cruzamento de um ramo de louro, à direita e um ramo de carvalho, à esquerda. A lâmina separa as letras "SP", tudo em prata.
Timbre: uma estrela de prata.
Suportes: dois ramos de cafeeiro frutificados, de sua cor, cujas hastes se cruzam abaixo.
Divisa: (lema do Estado de São Paulo)
Gravada em prata sobre faixa de esmalte. Em latim: "PRO BRASÍLIA FIANT EXIMIA", que significa: pelo Brasil façam-se grandes coisas.

Histórico / legislação
Instituído por ocasião da Revolução Constitucionalista de 1932, pelo Decreto nº 5.656, assinado pelo governador Pedro de Toledo, em agosto do mesmo ano.
Criado pelo pintor Wasth Rodrigues, foi símbolo da campanha "Ouro para o Bem do Brasil". Utilizado até o Estado Novo, em 1937, foi substituído por outros símbolos nacionais. Reconquista sua função simbólica original com a redemocratização e a nova Constituição de 1946.
O Decreto-lei nº 16.349, de 27 de novembro de 1946, que dispõe sobre a restauração dos símbolos estaduais, no seu artigo 1º descreve a ordenação do brasão.
A Lei nº 145, de 3 de setembro de 1948 que Institui a Bandeira e o Brasão do Estado de São Paulo - descreve o brasão, sua feitura, seu uso em papéis oficiais das repartições públicas.
O Decreto Estadual 11.074, de 05 de janeiro de 1978 aprova normas do Cerimonial.
Público do Estado de São Paulo, em que regulamenta o uso do brasão do Estado.

A versão escultórica oficial foi feita pelo escultor Luiz Morrone e está no acervo do Palácio dos Bandeirantes.
Fonte: Federici, Hilton. Símbolos paulistas: Estudo histórico-heráltico. São Paulo, Secretaria da Cultura,
Comissão de Geografia e História, 1981.


BANDEIRA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Feitura da Bandeira (Lei nº 145 de1948 - artigo 2º) I - Para cálculo das dimensões, tomar-se-á por base a largura desejada, dividida em treze partes iguais, constituindo cada parte em módulo;
II - O comprimento será de 19,5 módulos, tendo os demais elementos as seguintes proporções:
a) campo burelado: 1 módulo de largura de cada peça;
b) cantão: 7,5 módulos de comprimento por 5 de largura;
c) círculo: 4 módulos de diâmetro;
d) silhueta geográfica: inscrita numa circunferência imaginária de 3,5 módulos de diâmetro e concêntrica ao círculo;
e) estrelas: inscritas numa circunferência imaginária de 1,5 módulos de diâmetro, cujo centro se localiza a 1 módulo de distância dos bordos do cantão.
III - A indicação dos metais ouro e prata, em qualquer tecido em que a bandeira seja.
Confeccionada, será feito pelo amarelo e pelo branco, respectivamente.
Significado:
ESTRELAS - "as quatro estrelas a rodear um globo, em que se vê o perfil geográfico do país, representam o Cruzeiro do Sul, a constelação indicadora da nossa latitude astral... Assim, pois, erga-se firme, palpite glorioso o Alvo-Negro Pendão do Cruzeiro!!".
Contudo a Lei 145, de setembro de 1948, não deu uma explicação extensa e bem heráldica da nossa bandeira. Isto, aliás, já havia sido feito pelo Decreto-Lei 16.349, de 1946, o qual precedeu os seus dois últimos artigos de uma série de considerandos em que o último é uma interpretação, muito estruturada, da bandeira paulista: “a bandeira de São Paulo significa que "noite e dia" (campo burelado de preto e branco) o nosso povo está pronto a verter o seu sangue (cantão vermelho) em defesa do Brasil (círculo e silhueta geográfica) nos quatro pontos cardeais (estrela de ouro)".
CORES - branco, preto e vermelho "(a bandeira) simboliza de modo perfeito a gênese do povo brasileiro, as três raças de que ela se compõe - branca, preta e vermelha."
13 BURELAS (Faixa estreita e repetida) - em preto e branco - Conforme o Decreto-Lei 16.349, de 1946 significa que “noite e dia" o nosso povo está pronto a verter o seu sangue (cantão vermelho) em defesa do Brasil (círculo e silhueta geográfica) “....”.
Histórico / Legislação
1888- em 16 de julho, Júlio Ribeiro, fundador do jornal "O Rebate", que fazia campanha pela República, lançou nas páginas de seu periódico a proposta de criação da bandeira de São Paulo. Ela foi descrita assim: "(a bandeira) simboliza de modo perfeito a gênese do povo brasileiro, as três raças de que ela se compõe - branca, preta e vermelha. As quatro estrelas a rodear um globo, em que se vê o perfil geográfico do país, representam o Cruzeiro do Sul, a constelação indicadora da nossa latitude astral ... Assim, pois, erga-se firme, palpite glorioso o Alvo-Negro Pendão do Cruzeiro!!!” A adoção da bandeira como símbolo dos paulistas tomou força apenas às vésperas do Movimento Constitucionalista de 32.
“1915 - Afonso A. de Freitas publica o livro: “A imprensa periódica de São Paulo desde seus primórdios em 1823 até 1914”, no qual assinala à página 339:” Esta bandeira ideada por Júlio Ribeiro e por ele proposta para substituir o pavilhão imperial, é, com pequenas modificações exigidas pela adaptação regional, a atual do Estado de São Paulo por todos os brasileiros conhecida e respeitada". É a mais antiga referência que, sobre a bandeira paulista, conseguimos encontrar.
1922 - em 22 de setembro, o jornal "Correio Paulistano" faz referência à "uma bandeira que os usos e costumes consagram como a de São Paulo". Diz também que "nela os riscos brancos e pretos com um canto vermelho mostram que dia e noite os brasileiros devem estar vigilantes e prontos a derramar seu sangue pela Pátria". Estas palavras em muito se assemelham ao último considerando do Decreto-Lei 16.349, de 27 de novembro de 1946. Isto vem provar que até à época do nosso primeiro centenário de Independência, em 1922, governo e povo paulistas só costumavam render grandes homenagens era mesmo à bandeira nacional !
1937 - 10 de novembro - A Carta Constitucional do então chamado Estado Novo, no governo de Getúlio Vargas, no seu artigo 2º diz:"não haverá em nosso país, outras bandeiras que a nacional, abolindo de modo integral, todos os símbolos regionais".
1946 - 18 de setembro - A Constituição Federal, no seu artigo 195, parágrafo único, restabelece os símbolos regionais:"os estados e os municípios podem ter símbolos próprios".
27 de setembro - O Decreto-Lei 16.349 , que dispõe sobre restauração dos símbolos estaduais. Passa a descrever, heralticamente, a bandeira : “em campo burelado de treze peças de sable e de prata, um cantão destro de goles com um círculo de prata figurado da silhueta geográfica do Brasil, de blau, e acompanhada de quatro estrelas de ouro acantonadas".

1948 - 03 de setembro - A Lei Estadual 145, institui a bandeira e o brasão do Estado de São Paulo, sendo que no seu artigo 1º descreve heralticamente a bandeira (repetindo o texto do decreto lei 16.349) e no artigo 2º estabelece normas exatas para a feitura da bandeira, e seus padrões dimensionais (veja descrição ao lado da bandeira).

1967 e 1969 - As Constituições reformadas nesses dois anos em nada alteram os dispositivos a de 1947; e em seu artigo 4º reafirmam tudo que anteriormente se determinava.

1978 - 05 de janeiro - O Decreto Estadual 11.074 aprova normas do Cerimonial Público do Estado de São Paulo, em que regulamenta o uso da bandeira.
Fonte: http://www.saopaulo.sp.gov.br/juventude/escola/bandeira.htm
Federici, Hilton. Símbolos paulistas: estudo histórico-heráltico.
São Paulo, Secretaria da Cultura, Comissão de Geografia e História, 1981.

Hino do Estado de São Paulo
(Hino dos Bandeirantes)
Letra: Guilherme de Almeida
Música


Paulista, pára um só instante
dos teus quatro séculos ante
a tua terra sem fronteiras,
o teu São Paulo das "bandeiras"!

Deixa atrás o presente:
olha o passado à frente!

Vem com Martim Afonso a São Vicente!
Galga a Serra do Mar! Além, lá no alto,
Bartira sonha sossegadamente
na sua rede virgem do Planalto.
Espreita-a entre a folhagem de esmeralda;
beija-lhe a Cruz de Estrelas da grinalda!
Agora, escuta! Aí vem, moendo o cascalho,
botas-de-nove-léguas, João Ramalho.
Serra-acima, dos baixos da restinga,
vem subindo a roupeta
de Nóbrega e de Anchieta.

Contempla os Campos de Piratininga!
Este é o Colégio. Adiante está o sertão.
Vai! Segue a "entrada"! Enfrenta!
Avança! Investe!

Norte - Sul - Este - Oeste,
em "bandeira" ou "monção",
doma os índios bravios.

Rompe a selva, abre minas, vara rios;
no leito da jazida
acorda a pedraria adormecida;
retorce os braços rijos
e tira o ouro dos seus esconderijos!

Bateia, escorre a ganga,
Lavra, planta, povoa.
Depois volta à garoa!

E adivinha através dessa cortina,
Na tardinha enfeitada de miçanga,
a sagrada Colina
Ao Grito do Ipiranga!
Entreabre agora os véus!

Do Cafezal, Senhor dos Horizontes,
Verás fluir por plainos, vales, montes,
usinas, gares, silos, cais, arranha-céus!

Histórico / Legislação
Lei nº 9.854, de 02 de outubro de 1967. Dispõe sobre a instituição do Hino Oficial do Estado de São Paulo.
Lei nº 337, de 10 de julho de 1974. Revoga o artigo 3º da Lei n. 9854 , de 2 de outubro de 1967, que dispõe sobre a instituição do Hino Oficial do Estado de São Paulo. Estabelece como letra do hino o poema "Hino dos Bandeirantes", do poeta Guilherme de Almeida nos termos da cessão de direitos autorais feita ao Governo de São Paulo por Dona Beikiss Barrozo de Almeida, na qualidade de viúva e única herdeira do "Príncipe dos Poetas".
Lei 793, de 03 de dezembro de 1975. Institui concurso público para a elaboração da música do "Hino dos Bandeirantes", criada pela lei 9.854/1967 e modificada pela Lei 337/1974.Quanto à música tem sido tocada pela banda da Polícia Militar com a partitura do maestro Spartaco Rossi.

A BANDEIRA DO BRASIL

A Bandeira do Brasil
Um pouco da história da nossa Bandeira
Quando surgiu: A Bandeira do Brasil foi adotada pelo decreto no 4 de 19 de novembro de 1889. Este decreto foi preparado por Benjamin Constant, membro do Governo Provisório
Quem foram os responsáveis pela sua criação: A idéia da nova Bandeira do Brasil deve-se ao professor Raimundo Teixeira Mendes, presidente do Apostolado Positivista do Brasil. Com ele colaboraram o Dr. Miguel Lemos e o professor Manuel Pereira Reis, catedrático de astronomia da Escola Politécnica. O desenho foi executado pelo pintor Décio Vilares.
As cores:As cores verde e amarelo estão associadas à casa real de Bragança, da qual fazia parte o imperador D. Pedro I, e à casa real dos Habsburg, à qual pertencia a imperatriz D. Leopoldina
Círculo interno azul: Corresponde a uma imagem da esfera celeste, inclinada segundo a latitude da cidade do Rio de Janeiro às 12 horas siderais (8 horas e 30 minutos) do dia 15 de novembro de 1889.
As estrelas:
Cada estrela representa um estado da federação
Todas as estrelas t&êm 5 pontas
As estrelas não têm o mesmo tamanho; elas aparecem em 5 (cinco) dimensões: de primeira, segunda, terceira, quarta e quinta grandezas. Estas dimensões não correspondem diretamente às magnitudes astronômicas mas estão relacionadas com elas. Quanto maior a magnitude da estrela maior é o seu tamanho na Bandeira.
A faixa branca: Embora alguns digam que esta faixa representa a eclíptica, ou o equador celeste ou o zodíaco, na verdade a faixa branca da nossa bandeira é apenas um lugar para a inscrição do lema "Ordem e Progresso". Ela não tem qualquer relação com definições astronômicas.
O lema "Ordem e Progresso":É atribuído ao filósofo positivista francês Augusto Comte, que tinha vários seguidores no Brasil, entre eles o professor Teixeira Mendes.
Quando foi modificada:
Foi modificada pela Lei no 5443 (Anexo no 1) de 28 de maio de 1968
Foi modificada pela Lei no 5700 de 1 de setembro de 1971
Foi modificada pela Lei no 8421 de 11 de maio de 1992
Você conhece a legislação que rege a forma e o uso da Bandeira do Brasil?A forma e o uso das bandeiras nacionais é, em geral, regido por regras bastante severas. As suas dimensões, sua forma, suas cores, enfim toda a sua geometria, é regulamentada por alguma lei. No caso da Bandeira do Brasil, é a lei no 5700 de 1 de setembro de 1971 que "dispõe sobre a forma e a apresentação dos símbolos nacionais". Note que esta lei fala dos "símbolos nacionais" ou seja, ela rege o uso e as formas da bandeira, hino, armas e selo nacionais.Segundo a lei 5700, seção II, temosSEÇÃO II - Da Bandeira NacionalArt. 3o§ 1o - As constelações que figuram na Bandeira Nacional correspondem ao aspecto do céu, na cidade do Rio de Janeiro, às 8 horas e 30 minutos do dia 15 de novembro de 1889 (doze horas siderais) e devem ser consideradas como vistas por um observador situado fora da esfera celeste. [Parágrafo alterado pela Lei 8421, de 11/05/1992]§ 2o - Os novos Estados da Federação serão representados por estrelas que compõem o aspecto celeste referido no parágrafo anterior, de modo a permitir-lhes a inclusão no círculo azul da Bandeira Nacional sem afetar a disposição estética original constante do desenho proposto pelo Decreto no 4, de 19 de novembro de 1889 [Inclusão de parágrafo pela Lei 8421, de 11/05/1992]§ 3o - Serão suprimidas da Bandeira Nacional as estrelas correspondentes aos Estados extintos, permanecendo a designada para representar o novo Estado, resultante de fusão, observado, em qualquer caso, o disposto na parte final do parágrafo anterior. [Inclusão de parágrafo pela Lei 8421, de 11/05/1992]
Explicando a Astronomia que está na nossa BandeiraNove constelações, com um total de 27 estrelas, estão representadas na nossa Bandeira. São elas (o seu "mouse" ajudará na identificação):
Constelação
estrelas
estado que representa


quinta-feira, 16 de julho de 2009

GALERIAS DE PREFEITOS — 1ª a 14ª LEGISLATURA

13ª Legislatura


 Nome: Osvaldo Lugato Filho

 Nascimento: 20/11/1949

 Naturalidade: Mirassol - SP

 Estado Civil: Casado

 Ocupação: Professor

 Partido: PATRIOTAS


Nome: Celso Teodoro da Silva

Nascimento: 01/09/1965

Naturalidade: Rubineia - SP

Estado Civil: Casado

Ocupação: Empresário/Pastor Evangélico

Partido: PATRIOTAS











13ª Legislatura
Pref. Aparecido Goulart
V.Prefeito: Francis Ponzani
01/01/2017 a 31/12/2020








 

12ª Legislatura
Pref. Aparecido Goulart
V.Prefeito: Ivo de Jesus Rodrigues
01/01/2009 a 31/12/2012









11ª Legislatura
Pref. Aparecido Goulart
V.Prefeito: Ivo de Jesus Rodrigues
01/01/2009 a 31/12/2012










10ª Legislatura
Pref. Aparecido Goulart
V.Prefeito: Ivo de Jesus Rodrigues
01/01/2005 a 31/12/2008





















































































































































segunda-feira, 13 de julho de 2009

FOGO SOBRE TERRA (Segundos históriadores essa novela foi baseada em episódio ocorrido em Rubinéia"













Fogo sobre Terra
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Fogo sobre Terra foi uma telenovela brasileira produzida e exibida pela Rede Globo entre 8 de maio de 1974 e 4 de janeiro de 1975, às 20 horas. Foi escrita por Janete Clair e dirigida por Walter Avancini, e contou com 209 capítulos. Foi produzida em preto-e-branco e teve supervisão de Daniel Filho.

Trama
- No final dos anos 1950, dois irmãos separados na infância se reencontram na condição de rivais ao decidir o destino de uma cidade e disputar o amor da mesma mulher. Pedro (Juca de Oliveira) e Diogo (Jardel Filho), filhos de fazendeiros do Mato Grosso, foram separados aos três anos de idade após perderem os pais em um desastre de avião. Pedro foi criado pela tia Nara (Neuza Amaral), em Divineia – cidade fictícia – no sertão de Mato Grosso, enquanto Diogo foi levado para o Rio de Janeiro e criado pelo engenheiro Heitor Gonzaga (Jaime Barcelos), engenheiro e ex-amante de Nara. - No Rio, Diogo frequentou as melhores escolas e desenvolveu um temperamento prático que o levou a se formar em engenharia e a se transformar em um profissional muito bem-sucedido, contratado da empresa de Heitor Gonzaga, de quem adotou o sobrenome e a quem trata como pai. Foi casado e teve uma filha, mas carrega na consciência a culpa pela morte da ex-mulher, que cometeu suicídio logo após a separação.
- Em Divineia, Pedro Azulão foi educado pelo beato Juliano (Ênio Santos) – ex-piloto do avião em que seus pais morreram – e aprendeu desde cedo a tomar conta dos negócios do pai, firmando-se como o boiadeiro dono da maioria das terras de sua região. Valente, de temperamento explosivo e respeitado como uma autoridade pelos moradores, ele demonstra o amor que tem pela cidade, batizada com o nome da sua mãe, vigiando com austeridade os forasteiros e viajantes que por acaso atravessam o seu território.
- Representando essas duas realidades – a modernidade e a tradição, o urbano e o rural –, os dois irmãos se reencontram 30 anos mais tarde, quando a empresa de Heitor Gonzaga envia Diogo ao Mato Grosso para chefiar a construção de uma represa no local ocupado por Divineia. Situada às margens do Rio Jurapori, a cidade deveria ser inundada pelas águas do rio. Os seus habitantes seriam, então, realocados em outra cidade, a ser construída quilômetros adiante, onde poderiam usufruir dos benefícios da irrigação do solo proporcionados pela barragem. Pedro Azulão, entretanto, não quer pagar o preço de ver sua cidade desaparecer em prol de um progresso no qual não acredita e estimula a população a se insurgir contra a obra.
- Enquanto tenta convencer Pedro de que está propondo o melhor para a cidade, Diogo conhece e se apaixona por Chica Martins (Dina Sfat), namorada de infância do irmão. A mulher, que passa a ser o objeto da disputa dos dois irmãos, cresceu sonhando em ser rica e morar na cidade grande e, por isso, odeia tudo o que a lembre da sua origem humilde. Ela odeia até o próprio nome, a ponto de dizer que se chama “Débora” ao ser apresentada a desconhecidos. No passado, ela chegou a abandonar Pedro Azulão para fugir com um fazendeiro que passava pela cidade, mas se arrependeu e voltou. No início, seu interesse por Diogo reside essencialmente na perspectiva de deixar Divineia para viver na cidade grande, mas depois ela se apaixona pelo engenheiro.
- Acompanhando Diogo, também chega à Divineia a jovem Bárbara (Regina Duarte). Ela é a filha que Heitor Gonzaga teve com Nara, quando esta tinha 16 anos. Foi levada ainda criança para a cidade grande e criada pelo pai, que nunca lhe contou a verdade a respeito da identidade da mãe. Seu maior drama são as frequentes crises nervosas que lhe provocam cegueira psicológica, uma consequência do trauma de ter sido afastada da mãe. Em Divineia, ela se aproxima de Pedro e de Nara e, a partir do relacionamento com os dois, consegue superar seu problema. Nara vai gradualmente ocupando o seu lugar no coração da filha, até que lhe revela a verdade. E Pedro se apaixona pela moça, que termina sendo a razão pela qual ele abandona o conflito com o irmão.
- No decorrer da trama, enquanto os engenheiros dão início aos preparativos para a demolição da cidade, Pedro Azulão tenta tudo o que pode para impedir que o irmão leve a cabo seu empenho. Por conta disso, acaba temporariamente preso. Quando é libertado, ele se convence de que é inútil resistir e decide se trancar em casa e se deixar levar pelas águas, como forma de protesto. Mas Bárbara revela que está esperando um filho dele e lhe pede para pensar na felicidade da criança. Emocionado, Pedro abandona a cidade.
- No capítulo final, o progresso triunfa, e Divineia é submersa pelas águas do Rio Jurapori. Nara, que insiste em permanecer na cidade, morre durante a inundação.

OS SUBMERSOS "Poema de Carlos Drummond de Andrade"



Os Submersos
"Poetas amigos que eramplaca de rua em Rubinéia:que tal a vida aí em baixo do lago?A princípio é meio estranho, não?Compreendo, depois a gente se habitua.Nenhuma casa em que moramosse entrega imediatamente.É preciso entendê-la, conquistá-la.E casa de água, então?Uma rua de água, placaindicando esquina de águaa transeuntes peixes.Não é todo dia que um objetodestinado a servir debaixo do solse encontra em semelhante situação.Já sei poeta Bandeira que você está rindo,achando graça no desconforto líquido,captando com olhar agudoa mobilidade de tons diferentes de água,para lhes atribuir correspondência verbal.E você, poeta Cecília, o que contadessa viagem às vidas submersas,as Holandas hidroelétricas,país de água de Ilha Solteiraque romanceiro algum ainda não cantou.Está conferindo o verde de seus olhoscom esse verde piscina?Olha: aquele velhinho ali foi seu vizinhoaos tempos de Cosme Velho.Uma reverência a Machado de Assis,mesmo em camadas profundas,precisamente belas,é de bom preceito.O ácido Gracilianoestá mais adiantee ainda não se conformouem ser nome de rua.Acha que tudo isso é palhaçada.Não importa. Se osnomes falam entre si,as placas também dialogame a dele tem um bom papode quem viveu momentos fortese, como ele, sabe comunicar-lhesa emoção em linguagem ríspida.A represa não é um cárcere,como aquele em que o romancistaruminou por faltas não cometidas.É uma nova Rubinéia, isentadas limitações municipais da superfície.Sem trânsito de veículos assustadores,sem impostos, papéis,discursos, notícias, bases mil,que toda cidade se corta.Percebo, afinal, essa é aPasárgada de Manuel Bandeira,oculta em oito milhõesde metros cúbicos de água.Eis aí meus caros amigos:a vocês uma boa sortee muito progresso e alegria."Carlos Drummond de Andrade -poema escrito em 1973 em homenagem às placas de ruas submersas em Rubinéia.

terça-feira, 7 de julho de 2009

"MEMÓRIA CAMPONESA E CULTURA POPULAR"

Memória Camponesa e Cultura Popular

Nome da Instituição: ASEPA – Associação para estudos e pesquisa em Antropologia, ligada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional/UFRJ

Projeto: Projeto de Cooperação Técnica “Apoio às Políticas e à Participação Social no Desenvolvimento Rural Sustentável” – PCT IICA/NEAD

Número do Contrato: 206046

Tema: Memória Camponesa e Cultura Popular

Objetivo da Consultoria: Desenvolver atividades de estudos relacionados ao resgate da memória das lutas no campo sobre a temática da Reforma Agrária

Produtos elaborados: Produto 2.5 Relatório Seminário Memória Camponesa São Paulo

Palavras chaves (até 5): memória camponesa, agricultura familiar, reforma agrária, conflito.

Projeto Memória Camponesa
Seminário Memória Camponesa - São Paulo
Relatório - Produto 2.5

Conforme previsto na proposta apresentada pela ASEPA / NUAP / Museu Nacional ao NEAD / MDA, este documento objetiva trazer uma descrição do Seminário “Memória Camponesa – São Paulo”, contendo ainda uma síntese dos depoimentos dos participantes e uma cópia da programação em anexo.
O seminário ocorreu no anfiteatro da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp nos dias 18 e 19/11/2008. A comissão organizadora do seminário foi composta pela Professora Sonia M. P. P. Bergamasco (Unicamp/IFCH), Vera Lúcia Botta Ferrante (UNIARA/ Programa de Pós-Graduação de Desenvolvimento Regional), Ana Paula Fraga Bolfe e Marcos Botton Piccin. A realização do seminário contou também com a colaboração de Fernando Antonio Lourenço (Unicamp/IFCH), José Carlos Alves Pereira (Unicamp/ IFCH), Luiz Manoel C. de Almeida (Unicamp/FEAGRI), Tatiane Ramos Santos (Unicamp/ FEAGRI) e Patrícia Delgado Mafra (PPGAS/MN/UFRJ).

Abertura

O Seminário Memória Camponesa - São Paulo teve início às 9 horas da manhã de terça-feira, 18 de novembro de 2008, com a inscrição dos participantes. Seguiu-se então a mesa de abertura, com a presença dos promotores e dos coordenadores do evento, para dar boas-vindas aos participantes. A mesa foi composta pelo Professor Denis Miguel Roston, Diretor da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp; pelo Professor Moacir Palmeira, do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional – UFRJ e Coordenador do Projeto Memória Camponesa; o Professor Fernando Lourenço do CERES – Centro de Estudos Rurais do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp; Márcia Andrade representando o Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP); Sr. Leonando Pereira representando o Incra, substituindo o Sr. Raimundo Pires da Silva; e a Professora Sonia Bergamasco, coordenadora local do seminário e professora da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp.
O Professor Denis Miguel Roston iniciou o seminário dando boas-vindas aos participantes. Em seguida, o Prof. Moacir Palmeira falou da importância de São Paulo como um estado onde ocorreram lutas camponesas que não devem ser esquecidas e concluiu sua fala agradecendo à Prof.ª Sonia Bergamasco e à FEAGRI por sediar o seminário de São Paulo. O representante do INCRA agradeceu a todos pelo convite e elogiou o trabalho de resgate da memória camponesa por ir ao encontro da questão da reforma agrária. Enfatizou que a participação do Incra nesse seminário confirma o seu papel como parte das lutas pela terra. Posteriormente, Márcia Andrade fez um breve histórico da Fundação ITESP, da qual era a representante, desde seu nascimento no governo estadual de Franco Montoro no ano de 1983, num contexto de ausência de políticas públicas voltadas para os pequenos agricultores. Enfatizou também o papel dessa Fundação como mediadora entre o governo e os movimentos sociais, destacando que no ano de 1995, durante o governo Mário Covas, a Fundação ofereceu forte apoio à luta pela terra, por ter participado no Plano de Desenvolvimento do Pontal do Paranapanema, considerado por ela como um marco das políticas públicas voltadas para reforma agrária no estado de São Paulo. Finalizou sua fala lembrando que os trabalhadores rurais são os “verdadeiros protagonistas” dessa conquista e ofereceu ao coordenador do projeto, o Prof. Moacir Palmeira, um exemplar do livro publicado no ano de 2005 numa parceria com a Universidade de São Paulo, intitulado “Vozes da Terra”. O Prof. Fernando Lourenço (CERES / Unicamp/ IFCH) fez uma breve saudação aos participantes, ressaltou a importância da iniciativa de resgate da memória das lutas camponesas e em específico das conquistas realizadas no estado de São Paulo. Para finalizar a mesa de abertura, a Prof.ª Sonia Bergamasco revelou que se encontrava bastante emocionada em poder realizar o encontro, destacou a colaboração da Prof.ª Vera Lúcia Botta Ferrante e lamentou na sua busca por trabalhadores que vivenciaram o período pré - 1964 para participação no seminário, encontrar vários deles em condições difíceis de saúde e impossibilitados de se deslocarem até Campinas. Mencionou a importância do papel do estado de São Paulo, além dos movimentos do nordeste do país, como vanguardista dos movimentos de luta e conquista de terras. Agradeceu aos trabalhadores por terem comparecido e aos demais participantes.

Apresentação do Projeto Memória Camponesa

O professor Moacir Palmeira fez uma apresentação geral do projeto e um relato dos outros seminários estaduais, enfatizando a importância da iniciativa para a consolidação de uma rede, envolvendo diferentes universidades, sindicatos e movimentos sociais. Disse que a idéia de se fazer esse registro da memória das lutas camponesas partiu de um grupo de pessoas atentas à importância do campesinato e de suas lutas para a história do país e preocupadas com a sua perda, representada pelo desaparecimento progressivo de suas lideranças. Ao final de sua apresentação chamou o Sr. Waldomiro Cordeiro da Fetaesp para compor a primeira mesa do dia.

Mesa Redonda I
Memória Camponesa: o relato dos trabalhadores.

O Sr. Waldomiro Cordeiro nasceu em Santa Fé do Sul, no estado de São Paulo, onde foi pequeno agricultor e depois arrendatário até comprar quatro alqueires de terra na cidade de Rubinéia, onde permaneceu até 1972, quando ele e cerca de 800 famílias foram removidas pela Cesp (Companhia Energética de São Paulo), em virtude da construção da Barragem de Ilha Solteira, que inundou toda a região. Ele deu início à sua fala lembrando-se da criação do Sindicato dos Trabalhadores Autônomos de Santa Fé do Sul, contexto em que ocorreram vários confrontos com a polícia e perseguições de lideranças, mais precisamente entre os anos de 1962 e 1974. Mencionou que o sindicato de Santa Fé do Sul atuou junto ao conflito do “arranca capim” durante os anos de 1961 a 1963, conflito que é visto como um marco do movimento pela reforma agrária no estado de São Paulo, com repercussão nacional e objeto de um documentário também projetado no seminário, mencionado mais adiante. O processo que deu origem ao conflito do “arranca capim” se deu quando um dos empreiteiros do suposto dono da terra, chamado de Zico Diniz, trouxe para região de Santa Fé do Sul, no final dos anos 50, trabalhadores rurais para formar pastagens à base de capim colonião, um capim muito bom para a engorda do gado. Nesse processo, muitas famílias chegaram com a expectativa de ficar na terra durante cinco anos, vivendo da lavoura. Mas uma seca prejudicou a primeira safra e Zico Diniz exigiu a entrega da terra. Logo em seguida, ante a recusa dos trabalhadores, ele ordenou que o capim fosse imediatamente plantado nas lavouras dos camponeses, os ranchos deles queimados e o gado fosse solto para destruir o que ainda restava de suas lavouras e que lhes servia de alimentação. Foi nesse tenso contexto que Jofre Correia Neto apareceu para organizar a defesa dos camponeses. Ele convocou a todos para uma operação chamada “arranca capim”, arrancando de suas lavouras o capim que o proprietário havia mandado replantar.
Sr. Waldomiro citou também a importância de um líder religioso chamado Aparecido Jacintho Galdino, de Rubinéia, que mobilizou a resistência dos moradores das áreas atingidas pela abertura da barragem de Ilha Solteira, também retratado no filme “Profeta das Águas” (projetado no ultimo dia do seminário). Em seguida, falou que embora o período dos anos 1960 e 1970 fosse um contexto adverso para demandas dos trabalhadores, havia um sentimento de união muito presente no movimento sindical daquele momento, pois aglutinava-se um grande número de trabalhadores, cerca de 300 a 400 pessoas, nas assembléias do sindicato. Em resposta a uma pergunta feita por uma aluna da universidade, se havia ocupação e de como era a luta para a conquista da terra nos anos 1960 e 1970, Sr. Waldomiro falou que havia uma comissão do Incra que avaliava as fazendas para serem indenizadas e alocadas para reforma agrária. Sobre a questão do meio ambiente, colocada por outra aluna da universidade, ele respondeu que naquela época era relativamente comum usar os recursos das matas, rios e florestas e que isso não era uma questão. Finalizou sua palestra afirmando que é preciso usar as terras devolutas, fazer um levantamento dessas terras sem escritura e colocá-las para reforma agrária, ao mesmo tempo oferecendo garantias às famílias assentadas.
O outro convidado a fazer parte da mesa, Francisco Urbano, ex-presidente da Contag, não pôde comparecer.
Mesa Redonda II
História da conquista da Fazenda Rebojo:
O relato dos trabalhadores.

Anadiu Damascena é agricultor do assentamento da Fazenda Rebojo e nasceu na cidade de Presidente Prudente, filho de pernambucano que migrou para São Paulo para trabalhar na Fazenda Rebojo. Ele iniciou seu relato apresentando as características gerais do Rebojo, sua localização na cidade de Estrela do Norte, a 60 quilômetros da cidade de Presidente Prudente. Segundo ele, não há muitas famílias remanescentes do assentamento de 1965 e falou das dimensões das terras que hoje variam entre 9 a 20 alqueires. Lembrou que no início, não podia criar gado e que a terra era apenas para cultivo agrícola e lamentou que, atualmente, os sítios do Rebojo estejam perdendo gente para o trabalho assalariado nas usinas de cana-de-açúcar.
Sebastião Bezerra Leite relatou que seu pai no início dos anos 1960 fora despejado juntamente com outros posseiros da Fazenda Rebojo e, ciente de que o suposto proprietário não tinha o título da fazenda, solicitou o apoio da igreja local para conseguir um advogado que o ajudasse a articular em Brasília o movimento de desapropriação da Fazenda Rebojo, entre os anos 1964 e 1965. Disse que em 1968 os títulos das propriedades foram concedidos para cada assentado. Relatou que foi feita também uma seleção nas cidades vizinhas para o assentamento de agricultores e os dois critérios utilizados eram: ser casado e ter até 60 anos de idade. A assistência técnica oferecida aos assentados na ocasião, era precária e segundo Sr. Sebastião não havia programas de empréstimos em dinheiro às famílias assentadas. A construção de cercas, poços, casas etc. deveria ser por conta do próprio assentado. Lembrou também que um dos posseiros que conseguiu terra no Rebojo foi ameaçado pela gerência do Banco do Brasil por não conseguir cumprir os prazos no acerto do empréstimo e que naquela época não havia advogado para interceder em favor do pequeno agricultor. Em seguida, fez uma crítica ao órgão que na época era responsável pela reforma agrária, o IBRA, por obrigar seus funcionários a fazer uma política de inviabilização da produção no assentamento, ponto enfatizado também em outra mesa do encontro relativa ao conflito ocorrido em torno da Fazenda Primavera no final dos anos 1970. Sobre a relação com os sindicatos, Anadiu Damascena falou que na área da saúde o sindicato era a única referência existente, por oferecer assistência médica aos seus sindicalizados em Presidente Prudente.
O terceiro convidado da mesa, o Sr. Paulo Menezes não pôde comparecer por dificuldades de deslocamento devido à sua idade avançada. Os trabalhos da Mesa II foram encerrados.

Mesa Redonda III
História da Conquista da Fazenda Primavera:
O relato dos trabalhadores.

A mesa foi composta por René Parren, ex-pároco que atuou junto aos posseiros no processo de desapropriação da Fazenda Primavera e pelo Sr. Valdeci Rodrigues de Oliveira, pequeno agricultor assentado na Fazenda Primavera. O Sr. João Figueiredo não pôde comparecer devido a problemas de saúde e a dificuldades de deslocamento até a cidade de Campinas. O Sr. Valdeci iniciou sua participação mostrando uma fotografia, em preto e branco, da ocasião em que recebeu pelas mãos do então Presidente da República, João Figueiredo, a escritura de sua terra na Fazenda Primavera. Lembrou inicialmente que viu, quando ainda jovem, seu pai e seu avô serem algemados e presos, e lamentou emocionado, a existência de muita perseguição e violência no final dos anos de 1950 e na década de 1960. Foi nessa ocasião que o Padre René Parren apareceu na Fazenda Primavera e segundo o Sr. Valdeci, foi ele quem incentivou a sua participação no movimento de conquista dessa fazenda. Nessa época, segundo ele, o Prefeito de Andradina, município onde fica a Fazenda Primavera, era da mesma família do suposto dono da fazenda, o Sr. Abdala, que por sua vez, era também parente de Paulo Maluf, o então governador de São Paulo. Em função disso, Sr. Valdeci declarou ter sentido receio de participar desse processo e nos relatou muito emocionado a seguinte história: um dos moradores da fazenda, chamado Adalberto, encaminhou para Brasília um pedido de desapropriação da Fazenda Primavera, por verificar que não havia escritura em nome do Sr. Abdala e quando voltou foi perseguido até a morte, assassinado na frente de sua filha por jagunços contratados pelo suposto proprietário. Disse que o Padre René Parren também foi “caçado igual a um animal”. Lembrou que fora injusto com o Padre René e aproveitou a ocasião para se desculpar publicamente por ter “virado as costas pra ele” quando representantes do Incra o acusaram de comunista naquela época. Relatou que o assassinato do Sr. Adalberto foi muito chocante, levando todos os moradores a fazer uma homenagem. Foi celebrada uma missa e, ao seu término, todos seguiram em passeata até ao fórum da cidade exigindo justiça. Sr. Valdeci enfatizou que essa homenagem mobilizou muita gente, o que pressionou o juiz. Ele considerou que o assassinato seguido dessa homenagem e da manifestação foram os elementos que precipitaram a desapropriação da fazenda “por tensão social para interesse de reforma agrária” no dia 8 de julho de 1980.
A partir de então, Sr. Valdeci apresentou uma série de críticas ao modo como foi feita à concessão das terras da Fazenda Primavera. Declarou que a documentação saiu muito rapidamente e que não houve apoio técnico às famílias assentadas. Ao contrário, ele disse que houve interesse do Incra em inviabilizar o assentamento e de passar a imagem de que “a reforma agrária não funciona” e que aquelas pessoas “não gostam de trabalhar” e, portanto “não teriam vocação agrícola”. Lamentou ter se deixado fotografar recebendo o título de posse de sua terra das mãos do Presidente da República, disse-nos que somente algum tempo depois constatou que a desapropriação fora usada politicamente. Emocionado, lembrou que as famílias assentadas tiveram que entregar sua terra como pagamento de dívidas contraídas com o Banco do Brasil. Por fim, fez uma comparação entre esse modelo apresentado de reforma agrária com o modelo atual. Disse-nos que tem registrado em fotografias o assentamento da Fazenda Belo Mundo e que, comparando essas fotografias com as que ele tem da Fazenda Primavera, é possível perceber uma enorme diferença na organização das vilas. Segundo ele, atualmente os assentamentos teriam certo planejamento, graças à presença de técnicos que orientam a produção e encerrou sua fala, ainda mais emocionado, dizendo que aquele dia (dia do seminário) fora “o melhor dia” de sua vida, por ter tido a oportunidade de se retratar publicamente ao Padre René, também presente na mesa.
René Parren iniciou seu depoimento relatando a sua chegada na região da cidade de Andradina para atuar na Paróquia São Sebastião na linha da Teologia da Libertação. A divisão das tarefas colocou o padre para fazer trabalho de base na Fazenda Primavera. Ressaltou que o medo ao qual o Sr. Valdeci se referia não era exagero, porque um levantamento prévio da região já apresentava esse quadro de violência extrema, motivo pelo qual aportou na Fazenda Primavera “na época do Abdala”. Enumerou os mecanismos de pressão exercido pelo Sr. Abdala: 1- cobrança de alto percentual da renda, pago em produto que era roubado no peso e pago com cheque pré-datado de outra praça, o qual o trabalhador somente conseguia trocar com o agiota, que por sua vez ficava com a metade do valor; 2- contratação de jagunços para vigiar a entrada e a saída da fazenda, 3- soltura do gado na roça do pessoal e 4- assassinatos e perseguições às famílias de moradores posseiros. Renné disse que a fazenda possuía naquela época 10 vilas que somavam um total de 9.250 hectares e que sua tarefa era atuar em uma das glebas para fazer levantamento das formas de contrato e acordo com o Sr. Abdala; levantar a produção; mediar assistência jurídica fora da comarca e denunciar internacionalmente a arbitrariedade e violência praticada contra os meeiros. Segundo René, foi esse movimento na fazenda Primavera que inspirou a organização do movimento dos trabalhadores sem terra no Pontal do Paranapanema e em outras regiões do estado do Paraná e do Rio Grande do Sul até a fundação do MST em 1984. Lembrou também que em 1982, com a vitória do MDB em São Paulo, começou a ser feito um levantamento das terras públicas no Estado. Ele finalizou sua fala noticiando que está em curso, no momento, uma política de reversão do quadro da Fazenda Primavera e que o Incra está envolvido nessa retomada de incentivos à “agricultura familiar camponesa” na região. Em seguida, foi aberta a rodada de perguntas. O Sr. Waldomiro perguntou sobre como o René, que é religioso, vê o projeto da Contag e os limites para a reforma agrária. Depois, Sr. Sebastião fez um comentário sobre a importância do que foi dito pelos dois participantes, pois esclareceu como as coisas haviam sido encaminhadas em Andradina. Por ultimo, o Prof. Moacir fez um comentário a respeito da atuação desse empresário no setor industrial, sobre informações de que houvera problemas com os operários e perguntou se houve algum tipo de articulação entre os camponeses e o operariado.
René Parren respondeu ao Prof. Moacir afirmando saber dos problemas do empresário com seus funcionários, mas desconhece qualquer articulação entre camponeses e operários ligados ao Sr. Abdala. Ele enfatizou a necessidade de uma política que limite o tamanho da propriedade de terra no país e falou que está em processo de negociação no Congresso Nacional a elaboração de um projeto que estabeleça esses limites, mas que está parado porque esbarra na questão dos índices de produtividade e na questão da correlação de forças políticas estabelecidas em Brasília. Finalizou afirmando que o problema da Fazenda Primavera foi o fato de terem considerado encerrada a questão da reforma agrária apenas com a conquista da terra e não terem continuado a reivindicar recursos para a manutenção da produção e notou que essa é a diferença fundamental entre os assentamentos desse tipo e os assentamentos decorrentes de pressão política desempenhada pelas ocupações. Nesse ultimo caso, segundo René, há uma maior consciência da necessidade de manter a pressão política para garantir a permanência das famílias nas terras. Foi dado por encerrado o trabalho na última mesa do dia.

Encerramento do primeiro dia do seminário

A programação do primeiro dia do encontro encerrou-se com a projeção do filme de Clifford Wellch, da UNESP de Presidente Prudente (SP), intitulado “A Guerra do Capim” e do filme “ABRA: Histórias de Luta pela Terra” de José Juliano de Carvalho Filho da Associação Brasileira de Reforma Agrária - ABRA e a apresentação do livro “Memória da luta pela reforma agrária no Brasil” de Luiz Antonio Cabello Norder da Universidade Estadual de Londrina (PR).
“A Guerra do Capim”, filme de Clifford Wellch, trata do conflito ocorrido na cidade de Santa Fé do Sul que ficou conhecido como a “guerra do capim”, ou o conflito do “arranca capim”. No seminário, a maior parte dos participantes fez referência ao episódio. O documentário mostra que o movimento do “arranca capim” atraiu a mídia e Jofre, liderança do conflito, se tornou um personagem comparado a Fidel Castro, por disseminar os ideais de resistência entre os camponeses na época da revolução cubana. O filme mostra que o desfecho desse conflito se deu com a intervenção do Estado em favor do Zico Diniz, que conseguiu uma decisão judicial contra a ação dos camponeses, bem como a presença da polícia militar na região. O então Governador Carvalho Pinto, diante da situação, mandou à região um interventor estadual, o biólogo e músico Paulo Emílio Vanzolini, que no filme declara pessoalmente ter subornado alguns camponeses e enviado uma equipe de advogados para negociar contratos de arrendamento e de ter convencido muitas famílias a assinarem novos contratos que prorrogaram apenas a permanência dos trabalhadores por mais um ou dois anos.
Em seguida, foi projetado o filme “ABRA: Histórias de Luta pela Terra”. Trata-se de um documentário comemorativo dos 40 anos da Associação Brasileira de Reforma Agrária completados em 2007. O documentário contém depoimentos de lideranças, fundadores e membros da associação que, de um modo geral, enfatizam a importância da associação como mediadora entre o Estado, a academia e os movimentos sociais em cada fase da história dos movimentos pela reforma agrária desde a sua fundação em 1967.
Por fim, ocorreu a apresentação do trabalho desenvolvido pelo Luiz Antonio Cabello Norder, da Universidade Estadual de Londrina, “Memória da luta pela reforma agrária no Brasil”. Trata-se da organização dos arquivos da ABRA, financiado pelo NEAD/Ministério do Desenvolvimento Agrário. É um catálogo que organizou os documentos em 64 assuntos, tais como “Conflitos”; “Serra dos Carajás”; “Dossiês” (que está dividido em “pobreza”, “segurança alimentar”, “partidos políticos”, “assentamento Pirituba”, “reforma agrária e questão agrária”); “Periódicos”; “Cartazes”; “Documentos administrativos” e “Lista de siglas”. O catálogo pode ser adquirido por download na home-page da associação.
O segundo dia do seminário, 19 de novembro, teve início às 9 horas da manhã com a projeção do documentário “O Profeta das Águas” de Leopoldo Nunes. Em seguida, começou a última mesa do seminário, com depoimentos de João Rodrigues Filho e Juca Dagualberto, dos assentamentos São Bento e Gleba XV, respectivamente.
“Profeta das Águas”. O filme acompanha a trajetória, de 1986 até 2005, de Aparecido Galdino Jacintho da cidade de Rubinéia, conhecido como Profeta das Águas, que liderou nos anos 70, em plena ditadura militar, um exército de salvação para proteger o rio Paraná da construção da hidrelétrica de Ilha Solteira e impedir o deslocamento das famílias atingidas pela barragem. Galdino e seus seguidores foram detidos no DOPS, sendo que ele permaneceu como preso político no DOI-CODI e depois foi internado no hospital psiquiátrico de Franco da Rocha. Aos 80 anos, na época da produção do documentário, Galdino ainda era reconhecido como um importante líder religioso e benzedor na cidade de Rubinéia.

Mesa Redonda IV
Memória Camponesa
O relato dos trabalhadores.

A última mesa do encontro foi composta pelos trabalhadores assentados da região do Pontal do Paranapanema e iniciou com a fala de Sr. Juca Dagualberto, do assentamento Gleba 15 de Novembro, município de Rosana, seguida do depoimento do Sr. João Rodrigues Filho, 83 anos, do assentamento São Bento, município de Mirante do Paranapanema, ambos da região do Pontal do Paranapanema.
Juca Dagualberto iniciou seu relato contando sobre a ocupação em meados dos anos 1970 da Gleba Tucano, parte da fazenda que pertencia à empresa Camargo Correia na cidade de Rosana. O Senhor, Juca discorreu sobre alguns dos financiamentos criados para os assentados e segundo ele, nenhum desses projetos deu certo, como por exemplo, o projeto do bicho da seda, que deixou todos os assentados endividados. Em sua opinião, se não tivessem feito a ocupação naquela época, talvez ele ainda estivesse precisando complementar sua aposentadoria trabalhando “para os outros” como pedreiro ou carpinteiro. Lamentou o fato de existir muita gente que vive submetido às ordens de um “patrão” e afirmou que seu patrão é os programas que o governo cria e que é preciso cumprir seus prazos. Disse que se não fosse sua propriedade, não teria podido educar seus filhos. Finalizou dizendo que Teodoro Sampaio, Euclides da Cunha, Mirante do Paranapanema e Rosana são municípios prósperos em função dos assentamentos ocorridos nessa região. Em seguida, estimulado pela questão colocada pelo Prof. Moacir Palmeira, sobre como era sua vida antes do assentamento e se ele lembrava quem era a liderança da ocupação, Juca relatou que até conseguir a terra, trabalhava como barrageiro e trabalhou na abertura da barragem da Ilha Solteira. Depois, trabalhou numa usina até ficar desempregado. Foi quando resolveu fazer a ocupação da Fazenda Tucano em novembro de 1983. Citou os nomes de duas lideranças da época da ocupação, Benedito Gabriel e Sidnei de Paula.
Depois, o Sr. João Cordeiro, do assentamento São Bento, iniciou a sua fala. O Sr. João tem 83 anos e relatou suas experiências nos assentamentos da região do Pontal do Paranapanema, bem como sua atual participação nos protestos e ocupações. Ele apresentou uma série de correspondências enviadas aos Presidentes da República, uma delas enviada em 1967 ao Presidente Costa e Silva, reivindicando assistência aos pequenos agricultores e trabalhadores rurais, e outras remetidas a José Sarney e Lula da Silva. Apresentou também as cartas que enviou aos governadores de São Paulo reivindicando atenção para a questão das dificuldades técnica e ausência de crédito para produção nos assentamentos. Seu depoimento foi dedicado ao contexto atual, aproveitando o espaço para apontar os problemas enfrentados pelos assentados e para denunciar o descaso e a violência praticados contra os camponeses por parte do atual governo do estado de São Paulo, representado pelo Itesp. Decepcionado com as autoridades estaduais, Sr. João considera mais eficaz tratar dos assuntos diretamente com Brasília e é através das cartas que elabora que ele reivindica e denuncia o descaso do poder estadual, bem como tenta pressionar as políticas públicas voltadas para a reforma agrária.
Clifford Wellch colocou uma questão ao Sr. Juca Dagualberto relacionada ao papel da igreja nesse processo, no Assentamento Gleba 15 de Novembro. Seu Juca falou que a igreja, representada pelo Padre Gerson e o Bispo Plínio Junqueira, estava em campo oposto e que o Bispo chegou a envenenar a água do reservatório de um dos assentamentos, o que acabou prejudicando a lavoura e as pessoas. Aproveitou a oportunidade para denunciar a “chegada da cana” em área de reserva, desmatada ilegalmente para esse plantio.

Encerramento do seminário e considerações finais.
A Professora Sônia Bergamasco deu os trabalhados por encerrados. Em seguida, foram entregues os certificados aos participantes e Sr. Valdeci pediu a palavra ao receber o seu. Saudou a todos pela iniciativa e disse que está saindo do seminário mais esperançoso por constatar a existência de pessoas interessadas na reforma agrária e que às vezes se sente abandonado e se pergunta: “será que eu [como pequeno agricultor] realmente contribuo para o crescimento do Brasil?”. Considerou que o seminário representou “uma luz no fim do túnel” por mostrar que tem muita gente interessada em promover a reforma agrária. Em seguida, a Prof.ª Sonia Bergamasco passou as palavras finais ao Prof. Moacir Palmeira.
O Prof. Moacir Palmeira, coordenador do projeto, considerou que depois de ouvir os depoimentos era difícil dizer ainda alguma coisa a mais sobre o assunto. Falou que o registro desses depoimentos será feito em vídeo e em material escrito depositado em arquivos relevantes. Ressaltou a importância desse material para a memória camponesa como uma forma de se conhecer o valor dessas lutas e declarou ter esperança que os camponeses sejam reconhecidos como atores políticos que contribuíram significativamente para o processo de redemocratização do Brasil, bem como para a cultura brasileira. Enfatizou que o que foi dito ali não foram relatos de ações apenas, mas “vidas inteiras jogadas nessa luta”. Agradeceu a todos e se dirigiu ao Sr. Valdeci para devolver o agradecimento, dizendo que inverteria a coisa, pois se na época da redemocratização, a reforma agrária estava na agenda do governo, era porque havia um movimento que antes e durante toda a ditadura militar consolidou o papel político do trabalhador rural na construção de uma sociedade mais democrática. Nesse sentido, “a luz no fim do túnel”, disse o professor, está representada na luta dos trabalhadores e nas suas ações em defesa da reforma agrária.


segunda-feira, 6 de julho de 2009

Hidrovia Tietê - Paraná







O Mapa mostra a Bacia do rio Paraná, com destaque para o rio Tietê, um dos principais afluentes do rio Paraná (clique para ampliar e ver mais detalhes)
A Hidrovia Tietê - Paraná é uma via de navegação situada entre as regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, que permite a navegação e conseqüentemente o transporte de cargas e de passageiros ao longo dos rios Paraná e Tietê. Um sistema de eclusas viabiliza a passagem pelos desníveis das muitas reprêsas existentes nos dois rios.
É uma via muito importante para o escoamento da produção agrícola dos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e parte de Rondônia, Tocantins e Minas Gerais. A hidrovia movimentou 2 milhões de toneladas de carga no ano de 2001. Possui 12 terminais portuários, distribuídos em uma área de 76 milhões de hectares. A entrada em operação desta hidrovia impulsionou a implantação de 23 pólos industriais, 17 pólos turísticos e 12 pólos de distribuição. Gerou aproximadamente 4 mil empregos diretos.
A implantação e a manutenção da hidrovia e todas ações que se referem à sua infra-estrutura, com exceção das do rio Tietê (que estão a cargo do Departamento Hidroviário do estado de São Paulo) estão a cargo da Administração das Hidrovias do Paraná-AHRANA(órgão da sociedade de economia mista federal vinculada ao Ministério dos Transportes, Companhia Docas do Estado de São Paulo - CODESP)
Extensão
Segundo o projeto, a hidrovia permite a navegabilidade no rio Piracicaba, desde o encontro com o rio Tietê até 22 km a montante, no rio Tietê, desde a cidade paulista de Conchas até o encontro do Tietê com o Paraná, numa extensão de 554 km, no rio Paranaíba, desde a base da barragem da Usina Hidrelétrica de São Simão até ao encontro com o rio Paraná, numa extensão de 180 km, no rio Grande, desde a base da barragem da Usina Hidrelétrica de Água Vermelha até ao encontro do rio Grande com o rio Paraná, numa extensão de 59 km, no rio Paraná desde o encontro dos rios Grande e Paranaíba, até a barragem da Usina Hidrelétrica de Itaipú, numa extensão de 800 km e no canal Pereira Barreto, que liga a barragem Três Irmãos da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos, no rio Tietê, ao rio São José dos Dourados, afluente da margem esquerda do rio Paraná, no Estado de São Paulo, numa extensão de 53 km.

  BACALHAU Bacalhau  é o nome comum de diversas espécies de  peixes  classificadas em vários géneros. Em particular, corresponde a cerca d...